IMPOSSÍVEL FICAR CALADO DIANTE DO QUE ACONTECEU COM O GRANDE COMPOSITOR CHICO BUARQUE, AO SER ABORDADO E INTIMIDADO, DE FORMA ABSURDA, NA ÚLTIMA SEGUNDA-FEIRA, POR TRÊS FASCISTINHAS BURGUESES, NO BAIRRO DO LEBLON, RIO DE JANEIRO. IMPOSSÍVEL NÃO CONCORDAR COM OS EDITORES DO JORNAL "DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO", AO DIZEREM QUE CHICO, JÁ COM IDADE AVANÇADA, MESMO DURANTE O CERCO COVARDE DE TRÊS JOVENS REACIONÁRIOS, FALOU A FRASE DO ANO: "O PSDB É BANDIDO!"
ELMO WYSE RODRIGUES
Elmo Wyse Rodrigues: poeta e escritor. Nos anos 1970, enquanto jovem, teve duas crônicas suas publicadas na antiga revista Geração Pop. Autor do livro FUGA Nº3. Foi homenageado pela "Confraria Barão D'Itararé" - entidade poética de Rio Grande. Eterno aluno da Contracultura e do Existencialismo. O novo livro de poesias e prosas poéticas, NOTURNO VERBAL, já foi lançado. É integrante da banda “Corsários do Parque”. Maiores informações a respeito dos seus livros: assessorianoturnoverbal@gmail.com.
sexta-feira, 25 de dezembro de 2015
sábado, 19 de dezembro de 2015
DESPUÉS
Vesti teu sorriso
Nos meus dias ausentes
Que fugiram contigo.
Despi meu brilho
Nos teus dias presentes
Que ficaram comigo.
Violeta Valdana
Vesti teu sorriso
Nos meus dias ausentes
Que fugiram contigo.
Despi meu brilho
Nos teus dias presentes
Que ficaram comigo.
Violeta Valdana
Violeta Valdana - poeta nascida no Uruguai e que vive na fronteira do extremo sul do Brasil. Autora do livro inédito "Um Coração na Rota do Trem". Militante do dialeto portunhol. É colaboradora do blog Olhar Poético (www.umpoetacorsario.blogspot.com)
segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
COMPONDO SONOS QUE A NOITE DISSIPA
A manhã foi feita para deitar sonhos
A noite ecoa e dorme amanhã
O poeta semeia o sol-pôr
Acorda vermelho de ideias
O poeta vive de ilusões
O cantor extasiado abre noturno a voz
A noite foi feita para amar
A manhã compõe sonos que a noite dissipa
O poeta é ponte e vertigem
Liras e signos da noite
À tarde disfarça a rotina
No ciclo das horas conspira
E.W.R.
A manhã foi feita para deitar sonhos
A noite ecoa e dorme amanhã
O poeta semeia o sol-pôr
Acorda vermelho de ideias
O poeta vive de ilusões
O cantor extasiado abre noturno a voz
A noite foi feita para amar
A manhã compõe sonos que a noite dissipa
O poeta é ponte e vertigem
Liras e signos da noite
À tarde disfarça a rotina
No ciclo das horas conspira
E.W.R.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
VENTO ESTRANGEIRO
Sei que engulo pó
Nessas andanças de estrangeiro;
Sei que a solidão
Me dá um nó.
Mas o que conta
É minha sede de fevereiro...
Quero creditar meu canto
A todos caminhos,
Córregos que vão ao mar,
A toda luz, cor e vida.
Hoje sei beber o vinho
Mesmo quando o cálice oxida.
Não acredito em norte ou sul:
Mais vale correr além-fronteiras
E conjugar a sorte...
Quando sopra o vento,
De que lado é mais forte?
Nem tudo é novelo,
Nem tudo é certeza.
Muitos selos não traduzem
História e verdade.
Respiro a dúvida e a surpresa.
Pois conheço bem
O brilho das manhãs...
Quando nasce o vento,
De que lado é mais forte?
Poesia: Elmo Wyse Rodrigues
Música: Cristiano de Oliveira
Sei que engulo pó
Nessas andanças de estrangeiro;
Sei que a solidão
Me dá um nó.
Mas o que conta
É minha sede de fevereiro...
Quero creditar meu canto
A todos caminhos,
Córregos que vão ao mar,
A toda luz, cor e vida.
Hoje sei beber o vinho
Mesmo quando o cálice oxida.
Não acredito em norte ou sul:
Mais vale correr além-fronteiras
E conjugar a sorte...
Quando sopra o vento,
De que lado é mais forte?
Nem tudo é novelo,
Nem tudo é certeza.
Muitos selos não traduzem
História e verdade.
Respiro a dúvida e a surpresa.
Pois conheço bem
O brilho das manhãs...
Quando nasce o vento,
De que lado é mais forte?
Poesia: Elmo Wyse Rodrigues
Música: Cristiano de Oliveira
O Cristiano, o falecido poeta Carlinhos e eu fizemos várias músicas. Algumas foram gravadas ( temos dois CDs), outras não. É o caso desta. Outro dia estava na casa do Cristiano - que toca MUITO violão - e ele não lembrava direito dos acordes desta canção. Depois, sempre bem-humorado, recordou. Geralmente seus acordes ficam em algum lugar entre a milonga e a balada.
domingo, 29 de novembro de 2015
Olho, paro e escuto.
Percorro um caminho
que apita das rodas.
Um coração
na rota do trem
descalça os trilhos
que pairam no horizonte.
Quando doer
o sol na manhã do cerro
verte da terra a esperança
o choro do bandoneón.
Violeta Valdana
Violeta Valdana - essa poeta que nasceu no Uruguai e que vive na fronteira do extremo sul do Brasil - aceitou gentilmente colaborar com o blog OLHAR POÉTICO.
Percorro um caminho
que apita das rodas.
Um coração
na rota do trem
descalça os trilhos
que pairam no horizonte.
Quando doer
o sol na manhã do cerro
verte da terra a esperança
o choro do bandoneón.
Violeta Valdana
Violeta Valdana - essa poeta que nasceu no Uruguai e que vive na fronteira do extremo sul do Brasil - aceitou gentilmente colaborar com o blog OLHAR POÉTICO.
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
PEDRAS ROLANDO
Porto Alegre, madrugada de fevereiro de 2011
E.W.R.
Eu sempre guardei um pedaço da adolescência. Uma parte é embarque. Por dentro geada. Nos anos 1960, porque filho de comunista tinha de passar fome, lembro de comer algum peixe com farinha mexida. O pão eu dava pras tartarugas. Mas havia sonhos. Compensavam a tarde. A utopia era filha das pedras e da lagoa. Tudo visto do meu quintal. O horizonte fluía feito subterfúgio e porta. Não tem como falar de um tempo AGORA. Tem como sentir infinitivo clamor. Aqui sou leitor do livro das noites. A metade altruísta é nômade e chama. Uma vontade existencial. Bem ao certo, quem primeiro chegou: a solidão ou o rascunho do caderno? Eu mesmo, professora. Desde então folhas e folhas mudaram em busca de um inútil diário. Foi só quando acordei que me vi numa geração. Daí entendi como podia rolar uma pedra. O que crescia era humano por algumas horas. De tanto conter. Deve ser porque é a vez de alguém perguntar. Qual gênero descrevo? Aos dezesseis sempre soube. Aos dezoito declamava contos. Embora tédio, seguia leve na narrativa do poema. Tinha dezenove. Aos vinte fui breve. Cedo ou não, acomodei no fundo da mala a carta de despedida. Parecia tão longe a nova metrópole. Abandonei a estrada enquanto trocava sem saber de casa. Acabei parando entre o cinza, um quarto e o neon. Longa a madrugada, não permitia a bonança. Uma década de letargia: eis o que chamavam de uma nova consciência. Até as esquinas nos proibiam. Comecei a regar a gota que vivia escondida na íris da alma. Urbanamente o concreto guarda, não seca; aguarda em gelo o despojo. Se chegar a idade, vou decompor a jornada. E não poupo advérbios. Um bom sujeito aos vinte e poucos. Tenho tanta saudade. Não sofro mais, perdi a conta. Saberei ser livre e calmo. Faz tempo saí ileso dos versos para anônimo dar murros na frente do guarda-voz. Preciso novamente adolescer. Quantas vezes mentia, tantas vezes dizia sequer resenhar a greta das ruas. O que ora apresento, com a devida permissão, é o estrondo da buzina. Não devo calar se escuto murmúrios invadindo cidades, se na batida do óbvio o carro atropela sensíveis sinais. Antes que berrem: olha a bolsa e o capital, olha o bolso na capital - escrevo para preservar o lítio da lucidez. Lento e zen falo de cidadania. Um caminhante asumindo passagem. Esmaguem a cólera. Alguém precisa falar. Há sombras e vozes na retina da multidão. E uma umidade brava no ar...
E.W.R.
segunda-feira, 9 de novembro de 2015
Blog do Luiz Domingues: Hair, Deixe a Luz do Sol Brilhar - Por Luiz Domin...
Quem lembra de Hair?
( Uma matéria importante sobre a peça teatral e o filme Hair do +Luiz Domingues )
Blog do Luiz Domingues: Hair, Deixe a Luz do Sol Brilhar - Por Luiz Domin...: Quando a Lua estiver na sétima casa e Júpiter alinhar-se com Marte... Essa conjunção astrológica é o estopim para a entrada da ...
( Uma matéria importante sobre a peça teatral e o filme Hair do +Luiz Domingues )
Blog do Luiz Domingues: Hair, Deixe a Luz do Sol Brilhar - Por Luiz Domin...: Quando a Lua estiver na sétima casa e Júpiter alinhar-se com Marte... Essa conjunção astrológica é o estopim para a entrada da ...
terça-feira, 3 de novembro de 2015
ENCONTRO DE CRISTAIS
Vamos acalentar a delicadeza
pela intensidade, suspiro e susto.
É nosso o sentimento.
Lábios se calam
pele a pele, puro delírio.
Vamos amar sem aviso.
Mistério, desejo, entrega.
É assim o nosso amor:
uma magia a nos decifrar.
Uma fruta madura
podemos acolher encanto.
Um gosto de amora.
Vamos respirar a sutileza,
una é a sensação.
Sem limite ou presságio.
Porque o delinear belo
dos teus olhos
é um encontro de cristais.
E.W.R.
Vamos acalentar a delicadeza
pela intensidade, suspiro e susto.
É nosso o sentimento.
Lábios se calam
pele a pele, puro delírio.
Vamos amar sem aviso.
Mistério, desejo, entrega.
É assim o nosso amor:
uma magia a nos decifrar.
Uma fruta madura
podemos acolher encanto.
Um gosto de amora.
Vamos respirar a sutileza,
una é a sensação.
Sem limite ou presságio.
Porque o delinear belo
dos teus olhos
é um encontro de cristais.
E.W.R.
domingo, 1 de novembro de 2015
ARGELINO
Tens uma história triste e anônima, homem black do jazz.
Chegaste feito um busto que rola como as rugas das mãos. Vieste por outros braços, de forma casual e simbólica. O teu lugar é infinito lugar. Eu fiz este pacto contigo - tentar descrever como te sentes. Não precisamos combinar: ainda carregas um heróico blue. Por isto pensei nesta modesta elegia.
Cantavas para a burguesia francesa. Eras chamado até de Charlie Parker. Mas te davam um mísero cachê. Te queriam no fraque moderno empestado. Usavam-te em festas e bares. A noite inteira. Por um prato de comida e alguns trocados para o café do amanhã. Batiam a tua porta, logo após o show terminar particular. Gostavam da música, não da tua gente sofrida. Tinham orgulho da guerra. Estraçalharam tua pátria. Arrogantes, achavam que eras um troféu colonizado.
Nunca perguntavam como estava realmente, por dentro, na alma, o argelino dos guetos de Paris. A tua família inexistia. Era apenas mais um viúvo das sobras de guerra. No entanto, as mãos africanas que te moldaram são as mesmas do berço da sabedoria
universal. Liberdade, igualdade, fraternidade. Sim, sabemos bem dessa farsa. Descansa em paz, argelino.
E.W.R.
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
O QUE SE MOSTRA É ARTE
Naveguei em tempos de temporais
Essa dor inexplicável
Longe de mim
Nunca sei o que fazer
Antes preciso
Toda lição faz sentido
Todo inverno eu grito
Perdi-te em vida, poesia
Ainda nem mesmo decifrei
A barra do dia me fez voltar
Tentei achar algum poema
Um dia após virar cimento
Por entre velhos cadernos
De quem digere as palavras
Outros outubros partiram
Como um livro aberto
Tingir a tua emoção
Poeta reprimido
Não uso retórica: eu me entrego
Untei as mãos de esperança
Sem objetos explodindo no ar
Antes de permanecer ausência
Cortei o impulso das horas
Enquanto tarda o sol
Dramas pintados em vão
Eu sobrevivo
O meu peito não resiste
Ousei sem destino sair
Dentro de vinhos quebrados
Entre o vazio do alicerce
Sem qualquer intenção
Não suporto mais a neblina
O que faz sentido nessa rotação
Na fragilidade das horas
Entre o ser e o mar
E foi pelas andanças tardias
Nem centro nem ego
Que saia do lixo
Não preciso mais entender o mundo
Quando eu despontar ele se extravia
Não desabafo, somente respiro
Posso até sair
Estou de novo na estrada
Vou abrir uma janela direta pro mundo
Não esperem de mim a salvação
O que se mostra é arte...
E.W.R.
Versos aparentemente soltos e livres recolhidos dos poemas do livro NOTURNO VERBAL.
Naveguei em tempos de temporais
Essa dor inexplicável
Longe de mim
Nunca sei o que fazer
Antes preciso
Toda lição faz sentido
Todo inverno eu grito
Perdi-te em vida, poesia
Ainda nem mesmo decifrei
A barra do dia me fez voltar
Tentei achar algum poema
Um dia após virar cimento
Por entre velhos cadernos
De quem digere as palavras
Outros outubros partiram
Como um livro aberto
Tingir a tua emoção
Poeta reprimido
Não uso retórica: eu me entrego
Untei as mãos de esperança
Sem objetos explodindo no ar
Antes de permanecer ausência
Cortei o impulso das horas
Enquanto tarda o sol
Dramas pintados em vão
Eu sobrevivo
O meu peito não resiste
Ousei sem destino sair
Dentro de vinhos quebrados
Entre o vazio do alicerce
Sem qualquer intenção
Não suporto mais a neblina
O que faz sentido nessa rotação
Na fragilidade das horas
Entre o ser e o mar
E foi pelas andanças tardias
Nem centro nem ego
Que saia do lixo
Não preciso mais entender o mundo
Quando eu despontar ele se extravia
Não desabafo, somente respiro
Posso até sair
Estou de novo na estrada
Vou abrir uma janela direta pro mundo
Não esperem de mim a salvação
O que se mostra é arte...
E.W.R.
Versos aparentemente soltos e livres recolhidos dos poemas do livro NOTURNO VERBAL.
terça-feira, 20 de outubro de 2015
VENTO SUL
Vento Sul
vem me soprar
além do mar azul.
Vento Sul
vem me mostrar
aquém do céu anil.
Não aguento mais chegadas
e eu aqui sozinho no cais.
Vento sul
me leve bem longe deste porto,
deste poço de iniquidade.
Carregue-me, Vento Sul,
nas asas daquela gaivota.
Não suporto mais a neblina
e a indiferença da maresia.
Sopre com força,
Vento Sul,
e me apresente a aurora...
o seu olhar inebria.
E.W.R.
A foto só identifiquei o sobrenome do autor: Anjos.
Mas é belíssima, fica no porto antigo da cidade de Rio Grande.
quarta-feira, 14 de outubro de 2015
OLHAR CIGANO
Outros outubros partiram
este coração disponível.
Passei frio descolado,
e assim prorroguei abraços
nas ligas do teu violão.
Oh! Tirana mulher
Não vem brincar de amor,
Nem disparata o meu afeto-refém.
Oh! Cigana mulher
Cortei-me em teu outubro.
Debela esses mistérios -,
Ou me tranco neste abrigo,
Ou debando em disparada,
como um cancioneiro em dó,
até o último dos meus dias.
E.W.R.
Outros outubros partiram
este coração disponível.
Passei frio descolado,
e assim prorroguei abraços
nas ligas do teu violão.
Oh! Tirana mulher
Não vem brincar de amor,
Nem disparata o meu afeto-refém.
Oh! Cigana mulher
Cortei-me em teu outubro.
Debela esses mistérios -,
Ou me tranco neste abrigo,
Ou debando em disparada,
como um cancioneiro em dó,
até o último dos meus dias.
E.W.R.
segunda-feira, 5 de outubro de 2015
PÂNTANO DO SUL
Pântano do Sul
margem vegetal
mediterrâneo azul
imagem de nós
És fruto do mar
és seiva enluarada
és água ardente
és húmus e vida
Pântano do Sul
caleidoscópica baía
de peixes apressados
de peles bronzeadas
Pântano blue
estanca as lágrimas
o curso d’água passou
Tuas ruas de Açores
estreitas e líricas
teus bares cerzidos
de mulheres e homens do mar
Pântano de nósPântano do Sul
margem vegetal
mediterrâneo azul
imagem de nós
És fruto do mar
és seiva enluarada
és água ardente
és húmus e vida
Pântano do Sul
caleidoscópica baía
de peixes apressados
de peles bronzeadas
Pântano blue
estanca as lágrimas
o curso d’água passou
Tuas ruas de Açores
estreitas e líricas
teus bares cerzidos
de mulheres e homens do mar
enquanto tarda o sol
aquece as estrelas
recolhe a rede da armação
arrasta o barco da solidão
aquece as estrelas
arrasta o barco da solidão
Pântano azul
embeveci teu orvalho
saciei tua areia
amanheci teu calor
Jamais vou esquecer
o bálsamo das águas
a geografia do teu olhar
Pântano sul
norte do nosso amor
saciei tua areia
amanheci teu calor
Jamais vou esquecer
o bálsamo das águas
a geografia do teu olhar
Pântano sul
norte do nosso amor
E.W.R.
Fotos: arquivo pessoal do Autor
terça-feira, 22 de setembro de 2015
DÉJÀ VU
Devo lhes dizer. Ao virarem a página, deixem-me improvável. Admito desaparecer. Andei perguntando a um amigo se eu era um antissocial. Com a contumaz ironia, na pausa falou: és um sujeito fechado. Encarei o elogio. O padrão anormal da sociedade nunca me seduziu. Toda semana recebo versos da minha alma. Eles tratam da existência, e como sobreviver. Todo final de semana abro o diário para encontrar os sinais que alinhavam meus braços. Apreendi na escola. Só devorava gramática. Não conseguia somar matemática. Foi assim e entendi. O meu pai na infância lia para a sua família álgebra, acreditando que era literatura. Acaso ou coincidência, acabou calculando com rapidez. Remendei o destino como mestre de obras. Necessidade de ser criatura. Dias ácidos. Tijolo por tijolo. Um dia após virar cimento. Encaminho o que sobrou.
Devo lhes dizer. Um novo caminho pede e urge passagem. É o quinto sonho. Acorda bocejando projetos, ouvindo o significante bradar criações. Certa feita um psicanalista famoso conceituou: o esboço poético vaza do subconsciente. O racional aporta depois. Certamente é preciso maquete antes de ser estação. O déjà vu lembra um indício.Tudo parece repetido ou dito. Fibra e muito movimento. Nada mais a escalar. A primeira lição. Remanescer na escadaria da memória. É hora de tomar o café da manhã ontem.
E.W.R.
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
quarta-feira, 9 de setembro de 2015
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
" Tudo pode ser tirado de uma pessoa, exceto uma coisa: a liberdade de escolher sua atitude em qualquer circunstância da vida."
Victor Frankl
Tanto Nietzsche como Freud, Heidegger ou Sartre trataram exclusivamente da existência. No entanto, me volto ao existencialismo - Kierkegaard, Heidegger, Viktor Frankl, Sartre - por acreditar que nós próprios nos escolhemos. O Para-si ( Dasein) se faz, no meu entendimento, a partir de um fundamento hedonista. Para a compreensão da liberdade do Para-si é essencial o entendimento da facticidade. A facticidade é o coeficiente de adversidade intrínseco a cada escolha, a cada projeto. O Para-si é livre para escolher, mas cada escolha apresenta um específico grau de resistência da realidade. Podemos ter diferentes interpretações e posturas diante de um mesmo fato. Não somos fixos, determinados. Temos que nos reinventar a cada dia. Isso é um otimismo. Um mesmo fato que no passado nos abateu pode ser, caso ocorra novamente, reinterpretado, para termos a oportunidade de vivenciar uma conduta diferente. Autenticidade, em Sartre, é escolher-se do modo que se quer ser, é não "ser o que se é", o que significaria um determinismo. Se o Para-si é liberdade - essa liberdade é de fundamento ontológico.
M.R.
O autor deste texto é colaborador do blog Olhar Poético.
domingo, 23 de agosto de 2015
quarta-feira, 12 de agosto de 2015
EU, ERRANTE
De chegando e chegar,
Não vivia esse lugar.
O marasmo exilei
E do tédio declinei.
Sei que sou um andarilho,
Viajando por aí.
Eu, errante, e o caminho:
Andejando por aqui.
No telhado o brilho da lua,
A vidraça quebrada,
O orvalho emprenhando o chão.
A semente brotando
Eu carrego nas veias,
Nas ruas trafego um novo pulsar...
Música y Letra: Edinho Negrão / Elmo Wyse Rodrigues
Edinho Negrão e eu tivemos a ideia de fazer uma música, sem tema ou acordes iniciais. Daí surgiu uma canção que fala de estrada. E nem sabia que Edinho antes havia percorrido vários lugares do país, apenas com a mochila. Era um tempo hippie. E a música acabou desde o início entrando em nossos shows.
sexta-feira, 7 de agosto de 2015
O MESMO CORAÇÃO
Vem,
sobretudo serena.
Vem pros meus braços
como se fôssemos
a única vez.
Como não ficar assim,
por algo que não domino;
nem sei onde termina,
quem principia.
Bela e dona de ti
sutilmente vigias,
entre o sim e o não.
Não sou de amar
ou ser amado
de qualquer maneira.
Estou te atravessando
com o que falo,
porque bem no meio
fulminas pelo teu coração,
me despedaças.
Depois, juntas os cacos
e as ternas mãos...
Vem,
permanente,
na forma de uma canção.
Beija-me eterna,
sorvendo os nossos
sentidos.
Estás aberta
para a temporada
pessoal da paixão?
Meu amor,
ainda é nosso o tempo,
posso até sair...
mas me devolve
o coração?
E.W.R.
quinta-feira, 30 de julho de 2015
terça-feira, 28 de julho de 2015
quinta-feira, 23 de julho de 2015
sexta-feira, 10 de julho de 2015
AFORA & AFINS
Decidi publicar frases ordenadas, sem me servir de metáfora, rima
ou ritmo. Espero. Primeiro para falar que a POESIA não tem esse
compromisso com a verdade. Aliás, o que é a verdade? Entre os
adjetivos, escolho aos versos aqueles prediletos e afeitos. Por outro
lado, não significa que, enquanto pessoa, esteja tão longe assim do
contexto, pois permaneço convicto. Algumas vezes tento mudar -
procurando melhorar o conteúdo. Em algum lugar anotei: quem escreve
para si, o faz por ego ou timidez. Errei. Há outros fatores, como ter
ficado insatisfeito - na infância, na adolescência - por ainda não ter
um certo controle sobre a escrita. Eu também não publicava poemas. Até
que um dia um amigo apareceu com uns versos meus impressos num jornal
da cidade, sem a minha autorização. No momento, faço poemas para me
sentir melhor e afastar angústias mundanas. Algumas vezes disfarço,
porque sou fechado, e consigo extrair da Literatura um EU ampliado. Se consigo mistificar, de certa forma até me sinto poeta. Borges
fantasiava por entender que sua vida pessoal era desinteressante. Eu
enxergo aqui várias pessoas, escrevendo ou em posts, bem mais
fascinantes ou competentes nesta arte global. Todas serenas, talentosas,
modestas, interagindo, na boa. Aprendo muito. Gosto bastante delas.
Ninguém está aqui por uma reles competição. Ademais, percebo, de forma
natural, algumas pessoas exercitando o imaginário, tentando entender
quem está por detrás das palavras, ainda que sendo, de forma ocasional,
um personagem de si. Não basta ser "do bem". Eu mesmo preciso
canalizar um texto condizente com algumas intenções literárias e
existenciais. Ferreira Gullar tem falado, só faz poemas
se tem muita vontade. Tampouco quer fazer vinte reedições de seus
poemas originais. Outro dilema. Escrever para agradar, não é minha
praia. Mas ser deliberado no ato de desagradar, não consigo. Só se for
em cima de valores que discordo de determinada sociedade, para chutar o balde da hipocrisia. Acredito em teses. E admiro demais a interação de vocês. Abraços fraternos.
E.W.R.
terça-feira, 30 de junho de 2015
O ATOR E SEU PAPEL
No fundo sou otimista
- acreditem.
Eu só falo no dia de amanhã.
Nem mais nem menos.
Na realidade sou cético
- acreditem.
Eu só amordaço o que convém.
Em verdade sou existencialista
- acreditem.
Eu só vivo o que sinto.
Ou o contrário.
Levo a vida a sério
- acreditem.
Daí tanta armadura,
ironia e melancolia...
Observem: Imperialismo
Fome
Chacinas
Torturas
Grilhões
- neuroses de esquerdista festivo...
A carapuça do meu papel
é melhor que o ator
- confiem.
Por favor: na saída
fechem a porta
e brilhem por mim...
E.W.R.
Mais uma do livro FUGA Nº3 ( com o acréscimo de "grilhões" ).
No fundo sou otimista
- acreditem.
Eu só falo no dia de amanhã.
Nem mais nem menos.
Na realidade sou cético
- acreditem.
Eu só amordaço o que convém.
Em verdade sou existencialista
- acreditem.
Eu só vivo o que sinto.
Ou o contrário.
Levo a vida a sério
- acreditem.
Daí tanta armadura,
ironia e melancolia...
Observem: Imperialismo
Fome
Chacinas
Torturas
Grilhões
- neuroses de esquerdista festivo...
A carapuça do meu papel
é melhor que o ator
- confiem.
Por favor: na saída
fechem a porta
e brilhem por mim...
E.W.R.
Mais uma do livro FUGA Nº3 ( com o acréscimo de "grilhões" ).
quinta-feira, 25 de junho de 2015
terça-feira, 16 de junho de 2015
MEMÓRIAS COMO SER CONTEMPORÂNEO
Eu não preciso mais entender o mundo. O destino acabou de adentrar. Ao passar da antessala, ele foi bem bacana. Discorremos sobre amenidades, como o tempo, os amores, a vida e os planos. Relatou-me que eu ia ser livre e amar sempre uma mesma mulher; que eu não teria jeito de acumular capital. Pois possuo a estranha mania de lançar os anéis ao mar. Salvo o vinho. O acaso que me perdoe. Mais tarde, encontrei a Elis na cafeteria, e ela me falou dos seus planos de amar minuciosamente sempre um mesmo homem.
Eu não preciso mais brigar pela paz. Sutil, o peito se abriu, a inconstância se foi. Escuto do coração os acordes de estar na contemporaneidade. É a calmaria de sorver o verde do mate, com a temperança do pampa e seus ancestrais.
Quando muito, o que deixei de fazer não me oprime. Por muito menos, apimentei a ampulheta para encarar a andança, a modesta participação. Eu tenho inveja da inveja dos meus inimigos, invisíveis ou não. Pertenço à aldeia, uso somente o quinhão que me compete na imensidão do universo.
Quanto ao mundo per se, precisa girar, atirar para longe o flagelo, a incompreensão. A fome sobeja feito uma guerra civil, na falta do consenso ao redor de um elo que, de tão perdido, ainda não encontrou a escancarada sabedoria.
Eu preciso mudar. Talvez conjugar os limites daquilo que me julgo capaz. Rebelde e fraterno, não descarto o pretexto de me inserir. Ou de me insurgir.
E.W.R.
quinta-feira, 11 de junho de 2015
LIBERDADE ABSOLUTA DE SENTIDO
A Existência em si não possui nenhum significado, no sentido é amorfa, indiferente. Somente a consciência, o Para-si lhe atribui sentido, e para isso é absolutamente livre para escolher seus valores. Na ética, na moralidade, o Para-si cria, inventa seus valores, sem existir nenhum valor a priori determinado. Não existe nenhuma consequência metafísica pelos valores e a conduta que escolhemos. A Existência é o que dispomos, é oportunidade, possibilidade. A morte é o nada, não pode haver nenhum projeto para a morte. Todos os esforços e empreendimentos têm que se ater à Existência. O desejo tem existência concreta, mas o Para-si é livre para interpretá-lo de acordo com a própria vontade e escolha de critérios. Essa liberdade, porém, está intrinsecamente na facticidade. A facticidade existe, concreta; e o Para-si decide como vai se posicionar em relação a ela. De acordo com o projeto surge uma específica facticidade. Existem infinitas facticidades de acordo com a existência de infinitos projetos-de-ser. O Para-si só decide a facticidade em função do projeto que escolheu. É intrínseca a escolha do projeto. Minha liberdade, minha vontade e escolha não tornam o rochedo que escolhi escalar menos íngreme ou mais íngreme, com um coeficiente de adversidade maior ou menor. Isso faz parte do ser-em-bruto do rochedo.
A Existência em si não possui nenhum significado, no sentido é amorfa, indiferente. Somente a consciência, o Para-si lhe atribui sentido, e para isso é absolutamente livre para escolher seus valores. Na ética, na moralidade, o Para-si cria, inventa seus valores, sem existir nenhum valor a priori determinado. Não existe nenhuma consequência metafísica pelos valores e a conduta que escolhemos. A Existência é o que dispomos, é oportunidade, possibilidade. A morte é o nada, não pode haver nenhum projeto para a morte. Todos os esforços e empreendimentos têm que se ater à Existência. O desejo tem existência concreta, mas o Para-si é livre para interpretá-lo de acordo com a própria vontade e escolha de critérios. Essa liberdade, porém, está intrinsecamente na facticidade. A facticidade existe, concreta; e o Para-si decide como vai se posicionar em relação a ela. De acordo com o projeto surge uma específica facticidade. Existem infinitas facticidades de acordo com a existência de infinitos projetos-de-ser. O Para-si só decide a facticidade em função do projeto que escolheu. É intrínseca a escolha do projeto. Minha liberdade, minha vontade e escolha não tornam o rochedo que escolhi escalar menos íngreme ou mais íngreme, com um coeficiente de adversidade maior ou menor. Isso faz parte do ser-em-bruto do rochedo.
M.R.
Um texto existencialista que eu gostei muito.
Um texto existencialista que eu gostei muito.
sexta-feira, 5 de junho de 2015
sexta-feira, 29 de maio de 2015
domingo, 24 de maio de 2015
sábado, 16 de maio de 2015
PALAVRAS
Sim, eu
pretendo escrever,
Porque não vejo notícias.
Anoiteço
na cor das telas.
A
barra do dia me fez voltar
E
se lanho a voz
E
se há nuvens nos olhos
Algo
vem e me diz: sabes te decifrar.
Mas
precisa? Convenhamos, sou mero
Escrevinhador,
perdido e urbano.
Sem
ter a intenção de guardar as palavras,
Ou
ser comedido num carcomido baú.
Não
uso vocábulos: talhei as escadas,
Quebrei
o terraço só pra compartilhar.
O
poeta não se exime.
Tédio,
prazer e melancolia.
Quem
transita em verbetes,
Quem
visita ilusões
Mostra
pura coragem.
Confesso
– o vernáculo me assusta!
O
quadro limado na parede
Será
fato ou liturgia?
A
vida é um assunto, nos faz sorrir.
Querem
saber?
Não acredito em ofícios.
Da obra nem sobra o autor.
Ainda uma vez vou embora
Para dentro da lua.
Ainda uma vez vou embora
Para dentro da lua.
E.W.R.
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