segunda-feira, 24 de julho de 2017

PRODUÇÃO LITERÁRIA
Eu preciso dizer. Em primeiro lugar um país deve prestar mais atenção na produção literária. Outro dia falei numa professora que exigia na redação início, meio e fim. No caso da poesia pode haver alguma semelhança. Quando cheguei na Faculdade, faltei as primeiras ( ou mais...) aulas de Português. O professor colocou no quadro: "fale sobre São Bernardo". Bem na época que estavam eclodindo greves dos metalúrgicos nas cidades ao redor da capital paulista. Escrevi sobre o que estava acontecendo ao redor deste pequeno mundo, em vias de virar democracia. Dias depois, ele, antes de entregar as notas, perguntou quem era o Elmo. Bem, até que me provem o contrário, o Elmo sou eu. Me deu zero, apesar de dizer que a redação estava bem escrita e tal. Ele queria saber do Graciliano Ramos. Estou escrevendo agora para desmistificar a tese de que poeta não pode se manifestar, salvo em versos. Se quiser, deve. Até fantasiar. Vou contar uma coisa, no meu novo livro tem um texto que fala ter perdido quarenta poemas. Mentira! Um escritor ou poeta precisam inventar. Um dia li a notícia que o escritor mineiro Roberto Drummond extraviou um romance inteiro, possivelmente numa mesa de bar. Teve que escrever tudo de novo (vai saber se é verdade...). Mas agora aconteceu. Perdi a metade do que já estava escrito a respeito de como lidar com a escrita. Estava pensando algo parecido. Produção literária parece um tema genérico. Como se eu tivesse essa capacidade de falar nesses termos. Como já falei, perdi o que estava no rascunho do blog (verdade!). Vocês já repararam que os escritores geralmente não falam como surgem os textos? Quanto aos poetas, alguns dizem que os versos nascem prontos. Não tenho essa capacidade. Conheço alguns casos. NOTURNO VERBAL somente tem um poema assim. A explicação mais plausível da poesia - acredito - veio do JUNG, quando falou que vem do subconsciente. Depois há um trabalho entre a razão e o coração. Até hoje ando nesse barco. Primeiro anoto tudo que me vem na cabeça. No outro dia, tenho alguma coragem de dar uma olhada. Quanto menos mexer num poema, melhor. Mas já mudei a ordem de estrofes, subtrai versos, fiz o diabo. Outra coisa, sei de escola em defesa da tese que primeiro vem a forma, depois a ideia. Não consigo. Acho brilhante quem consegue. Quanto à forma, confesso não elaborar a priori. Não considero a minha poesia autobiográfica. Minha vida pessoal é tão desinteressante. Jamais viraria tema de literatura. Há digitais. No novo livro tem um poema que montei, verso por verso. Detalhe: eles foram encontrados espalhados em vários cadernos. Na adolescência, sim, se é muito autobiográfico. Certos jovens escolhem o diário, outros a poesia. Eu escrevi recentemente um texto dizendo estar vivendo a Idade Média. Alguém acredita? Poemas de amor. Alguns estava pensando em situações que eu mesmo poderia viver, hipoteticamente. Outros enamorados não poderiam? Em circunstâncias especiais, descrevo realmente a condição de apaixonado. Posso? Vou ser autêntico, como sempre sou. Por exemplo, gosto mais de ler poemas de outros poetas. E falo sem essa coisa de pensar em escrever algo parecido, ou por inveja. Por admiração, em nome da Arte. Já tive essa coisa de sentar e crer no dia de escrever um poema. No livro anterior, lembro de uns dez saírem assim. Hoje experimento do cotidiano um fato virar frase, um ato virar verso. Antes, rasgava escritos que não gostava. Na fase atual aproveito um ou outro verso que possam ser substrato, em algum momento. Não acredito muito em metodologia para a produção literária. Não estou defendendo a não-leitura; ao contrário, defendo que o conhecimento só se adquire por uma leitura crítica. Dependendo do livro, leio a mesma página, duas ou três vezes. E afirmo: livro de poesia jamais cabe ser lido uma vez só. Vai mudando a interpretação. Não defendo que poetizar seja algo como alienação política. O poeta é contemporâneo, em metáforas ou não. Não gosto muito de me manifestar politicamente via poemas, pois me consideram explosivo. Prefiro o texto direto. Eu vou votar no Lula. Dizem que o poeta é solitário. No meu caso, tenho momentos de solidão. Pesquiso, estudo. Nas minhas relações pessoais até falaram que nos últimos dois anos estaria deprimido, sem sair de casa, quando, em realidade, estava debruçado e absorto neste novo projeto. Ainda circulando e conversando com pessoas pela Cidade Baixa. Um fato: quando se escreve sobre solidão, as pessoas têm mais interesse. Mas quem está na frente de um notebook ou olhando um celular, horas a fio, não estará tendo solidariedade sobre essa própria condição? Outro fato. Um poeta muito feliz não produz poemas bons, segundo Mario Quintana. Ademais, no filme "The Wall" está explícito, uma sociedade cínica não leva a sério quem expõe poemas. Não estou nem aí para críticas. Sei me defender. Mas a coragem de se expor é importante. Eu vejo nas redes sociais poetas iniciando timidamente e, logo depois, escrevendo textos maduros. Outro dia estava olhando o meu primeiro caderno. Tinha dezesseis anos. Vocês acham que alguma coisa tinha um certo teor literário? Caros & caras, só conheço Arthur Rimbaud que escreveu um livro aos dezoito anos, entrando para a História. Aliás, o que é a Literatura, senão um esboço de páginas humanas, entre primórdios, incerteza e plenitude?
Elmo Wyse Rodrigues

quinta-feira, 20 de julho de 2017

E assim confirmado o lançamento oficial do livro NOTURNO VERBAL, no SALÃO DE EVENTOS da Prefeitura Municipal do Rio Grande, dia 15 de setembro, às 19 horas. Depois confirmaremos as outras cidades onde  faremos a sessão de autógrafos, com sarau poético-musical, com a participação dos Corsários Acústicos.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

  1. Não consigo me adaptar a rótulos, sou apenas mais um poeta existencialista. Quem quiser saber um pouco mais o que eu penso sobre a poesia, pode ler o meu novo livro, Noturno Verbal. E já adianto que não explico nada sobre o que vem a ser um poema. Bom, se Sartre, na sua obra- prima, " O Que É a Literatura?" não soube explicar, muito menos eu...rsrs. Alíás, eu acho muito interessante esse debate novo a respeito da prosa poética num livro de poesia. Ah, gosto muito de Rimbaud e Mallarmé. Mario Quintana era demais. O melhor da poesia é a verdadeira liberdade de expressão. Um dia perguntaram ao Neruda o que ele queria dizer sobre um determinado verso, ele não respondeu. Apenas falou ao jornalista que ele entendesse do seu jeito. Poesia é uma coisa, pragmatismo é outra. Mas leio, sim, livros de Teoria Literária. Eu li um de dois intelectuais franceses que passaram mais de dez páginas tentando entender por que Mallarmé tinha feito uma estrofe com um verso só. Confesso, nunca tinha feito. Acabei usando no poema "Da Existência". Mas estou sempre lendo e pesquisando. E aprendo muito com os amigos poetas aqui das redes sociais. Enfim, o poeta que não queria mais falar, escreveu...

                     Elmo Wyse Rodrigues