quinta-feira, 24 de novembro de 2016

                   A DAMA QUE FASCINA


Andei perguntando, pesquisando, observando, quem é, afinal, essa dama que tanto nos fascina. A dificuldade em desnudá-la talvez resida na sua narrativa, sem discurso deliberado, ou objeto identificado. Poesia não é doutrina nem dogma. Por isso abre-se viva, nunca estanque. A rigor, uma definição cabal inexiste. Acho até mais coerente. Duvido que caiba num conceito resignado. Por outro lado, mesmo na esteira da metáfora, do jogo de palavras, do sentido duplo, ela é passível de interpretação diversa, em nome da linguagem que nos une. Como um gênero da Literatura requer tempo, apreço, vontade e emoção. Não acredito muito nessa conversa de "significante-significado". Nem mesmo Jean-Paul Sartre, na sua belíssima obra "O Que é a literatura", ousou classificar ou diagnosticar o texto poético. A poesia passa pelo prazer de abrir um livro em versos e repetir o gesto, como se fosse um rito. Por estar em movimento, em imagem, recusa paradigmas. Pode ser estudada, sem receios. Mas chegou a hora de assumir que é uma comum arte de intervir. Não sendo redoma, pode ser reinventada, intermediada, comentada ou adivinhada. E cada um tem o direito de fazer a sua própria leitura. Quem tece em linha, poeticamente, espera, na outra ponta, alguém que segure nas mãos um frágil e desvairado coração.

                      E.W.R.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016