TERNO ENGOMADO
Na vertigem das linhas
Dobram-se horas
Destilam orvalhos
Na vertigem das linhas
Espasmo do tempo
Dobram-se vidas
Desfilam sapatos
Engomam colarinhos
Na tábua rasa das leis
Sob ternos engessados
Deitam homens no asfalto
E.W.R.
Elmo Wyse Rodrigues: poeta e escritor. Nos anos 1970, enquanto jovem, teve duas crônicas suas publicadas na antiga revista Geração Pop. Autor do livro FUGA Nº3. Foi homenageado pela "Confraria Barão D'Itararé" - entidade poética de Rio Grande. Eterno aluno da Contracultura e do Existencialismo. O novo livro de poesias e prosas poéticas, NOTURNO VERBAL, já foi lançado. É integrante da banda “Corsários do Parque”. Maiores informações a respeito dos seus livros: assessorianoturnoverbal@gmail.com.
sábado, 19 de janeiro de 2019
quarta-feira, 9 de janeiro de 2019
Perto de perder o sono, ganhei olhar pela janela. Pássaros e ônibus já disputavam os primeiros ecos difusos do alvorecer. Caminhei até o arroz integral, com sal do Himalaia. Espero ter protegido a receita budista no refrigerador. Quatro horas. Oh, inferno estas batidas do soturno relógio; berram na parede. Estranho por estranho, coloco um Frank Zappa na vitrola, baixinho. A bela vizinha é médica. Resolvi ficar na cozinha. Local de onde envio-lhes esta inútil carta de dormir. Na mesa de refeições, o segundo livro dos republicanos espanhóis. Franco, cai fora. Estou a poucos metros da pequena varanda. Estou só. Ademais,
cercado de automóveis, vidraças & aviões. A poucos centímetros desta angústia perene. Ela me queima em turbilhão. Mas disseram que amanhã não verei nuvens, e sim um sol de banheira aquecendo a lucidez. Sussurram luzes na sacada alheia. É permitido voar em calmaria. Tranco-me em suspiros, ao deitar o corpo no sofá da sala de estar.
Outubro de 2018
E.W.R.
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