segunda-feira, 31 de março de 2014

RESGATE POÉTICO

Eu tenho tido
surpresas
com poemas inacabados,
versos soltos,
esparramados ou diluídos
de forma atemporal,
por entre velhos cadernos.
Por obra do acaso não os joguei fora,
quando passou a adolescência
e sua febre poética.
Nunca imaginei que alguns iriam
se chamar posts, e viriam a  colaborar
 na construção de um blog,
onde eu mesmo curto bastante.
É o que tento dividir com vocês.

Rio Grande/Porto Alegre, 31 de março de 2014

Elmo Wyse Rodrigues

www.umpoetacorsario.blogspot.com

sábado, 29 de março de 2014

Quem?...

Quem se importa
com o desalento
dos andarilhos e dos esfarrapados?

Quem verdadeiramente se importa
com o amor, a paz
e a justa divisão do pão?

Não. Poucos são os que
conseguem sair da retórica.

Quem ainda não virou caramujo
perante a plangência alheia?

Quem consegue ver
na televisão algo além de imagens?
É difícil. Afinal, o jantar
pode esfriar...

Quem se importa
se há "loucos" antecipando
o imaginário?
O ponderável é permanecer
dentro das regras reproduzidas
no meio social.

Quem consegue transcender
a uma ajuda aos esfomeados
sem ser conivente
com as causas político-sociais
da miséria humana?

Não. é mais fácil doar moedas,
instituir entidades assistenciais;
assim racionalizamos uma solidariedade
para dormirmos à noite,
feito querubins...

Quem já percebeu
que liberamos a emoção
nas salas de teatro, cinema
e estancamos o coração
quando acendem as luzes?

Quem se interessa
quando amordaçamos
a alma e a ação genuína
para só expelir
covardia e estupidez?

Quem se preocupa
com o fato de estarmos sendo
atores de uma peça-mephisto?

Quem...?

Elmo Wyse Rodrigues
www.umpoetacorsario.blogspot.com

segunda-feira, 24 de março de 2014

RESCUE

Venho em doses florais
Quatro gotas de realidade
Sem espera ou partida
Sou a essência do equilíbrio

Pablo Martin

quarta-feira, 19 de março de 2014

O livro FUGA Nº 3 foi lançado em 1997. A rigor, é um grupo de poemas de 1976, quando eu era adolescente, até 1996. Uma celebração de vinte anos enquanto poeta. Tudo assinado com meu próprio punho e coração. O interessante é que certos poemas resistem ao tempo, não oxidam. Talvez seja o caso destes versos:

A DOR DOS AUSENTES

É preciso compor os temporais
e remir a dor dos ausentes
os que tombaram por nós
os que deixaram seus corpos
em covas desconhecidas
os que serviram de comida às bestas,
todos eles.

É preciso compor os vendavais
e amainar a dor dos ausentes
os fuzilados nos muros de Granada
os assassinados nas ruas da Argentina
os cremados do Araguaia
os torturados no  Chile à luz do dia
os que foram jogados vivos
de aviões oficiais ao gelo do oceano,
todos eles.

A dominação nos dias de hoje
é mais sofisticada e falaz
e nos deixa pouco espaço
e nos deixa embriagados com a democracia
-a que estratifica os desiguais, claro...

Mas não podemos esquecer
os ausentes e seus rebentos...

Elmo Wyse Rodrigues

domingo, 16 de março de 2014

HORNBEAM

Acordei abril e descansado
Já não carrego a rotina
Tudo o que agora faço
Explode na cor das manhãs

Pablo Martin

sábado, 15 de março de 2014

PREFÁCIO DO LIVRO FUGA Nº3

Lá, onde o sol se esconde com dor; onde o céu se cala em feixes azuis, sobrevive uma estrada perdida. Ao longe, se divisa um vulto caminhando a esmo, sem pressa de chegar...
Ecoa por todos os lados o berro seco de uma garganta empoeirada, lamentando, entre vales e montanhas, o sonho mais real que o mundo consumiu: O GRITO LIVERPOOL!
Arqueado pelo peso de sua mochila, erra um homem cansado, enxugando o suor da gola de sua jaqueta Lee, com remendos da vida.
Segue o homem, em passos lentos, por esse lugar abandonado. Pouco importa se dos seus bolsos caem raízes ou planos. Também não conta com o tempo...o que é o tempo? Em sua esmorecida mente, os anos já deixaram de existir.
Embora seus lábios estejam cortados pelo vento, entoa Like a Rolling Stone, o que lhe conforta o coração. Talvez seja um simples andarilho para os céticos; talvez seja um discípulo real da liberdade para os profetas e filósofos. A verdade é que com sua velha concepção estampada no rosto, nos gestos, nas roupas, na maneira de pensar e ousar, cativa os últimos remanescentes da contracultura.

Antônio Carlos de Oliveira
(poeta e crítico literário)

O Carlinhos, que faleceu ano passado, deixou  sua história, seus poemas, seu livro e seu legado político. Esse prefácio nós discutimos juntos. Ninguém melhor que ele, com a sua sabedoria, para escrever essas palavras. O seu grupo, da esquerda autêntica, assumiu o município de Rio Grande. Era, sinceramente, o maior ideólogo desse grupo. Agora passou o projeto de lei, por unanimidade - o Carlinhos do PT será nome de rua.

sexta-feira, 14 de março de 2014

VERVAIN

Em setembro
Quero te ver lilás
Vou arrebatar o tempo
Serás a boa causa

Pablo Martin

quinta-feira, 13 de março de 2014

quarta-feira, 12 de março de 2014

APROVADO!

O projeto de lei da vereadora Denise Marques, do Partido dos Trabalhadores, que dá nome de rua no município de Rio Grande a Antônio Carlos de Oliveira foi aprovado por unanimidade. Carlinhos,  como era conhecido, teve forte militância cultural e sindical. Como poeta, lançou o livro individual "O Gosto Amargo de Segunda-feira". Além disso, foi um dos fundadores da banda de blues e rock "Corsários do Parque". Agradecemos profundamente a iniciativa da vereadora e o reconhecimento do Legislativo de Rio Grande.
BEECH

Hoje aprendi a tolerar
Desarmei a rigidez
Que me doía o coração

Pablo Martin

sexta-feira, 7 de março de 2014

É sempre bom não esquecer de agradecer a todas essas pessoas que têm lido meus poemas. Depois de um longo  silêncio, estou voltando à poesia. Um agradecimento mais que necessário a minha filha, Jeana de Carvalho Rodrigues, que idealizou, administra e faz a rotina do blog.

TEIMOSA É A VOZ

Teimosa é a voz

Eu percebi
O viço das manhãs.

Silenciosamente
Embrulhei o grito.

Teimosa e a voz:
Ousa conspirar
Pelos raios do sol...

Elmo Wyse Rodrigues

domingo, 2 de março de 2014

VENTO SUL

VENTO SUL

Vento Sul
vem me soprar
além do mar azul.

Vento Sul
vem me mostrar
aquém do céu anil.

Não aguento mais chegadas
e eu aqui sozinho no cais.

Vento sul
me leve bem longe deste porto,
deste poço de iniquidade.

Carregue-me, Vento Sul,
nas asas daquela gaivota.
Não suporto mais a neblina
e a indiferença da maresia.

Sopre com força,
Vento Sul,
e me apresente a aurora...
o seu olhar inebria.

Elmo Wyse Rodrigues


www.umpoetacorsario.blogspot.com