sábado, 15 de março de 2014

PREFÁCIO DO LIVRO FUGA Nº3

Lá, onde o sol se esconde com dor; onde o céu se cala em feixes azuis, sobrevive uma estrada perdida. Ao longe, se divisa um vulto caminhando a esmo, sem pressa de chegar...
Ecoa por todos os lados o berro seco de uma garganta empoeirada, lamentando, entre vales e montanhas, o sonho mais real que o mundo consumiu: O GRITO LIVERPOOL!
Arqueado pelo peso de sua mochila, erra um homem cansado, enxugando o suor da gola de sua jaqueta Lee, com remendos da vida.
Segue o homem, em passos lentos, por esse lugar abandonado. Pouco importa se dos seus bolsos caem raízes ou planos. Também não conta com o tempo...o que é o tempo? Em sua esmorecida mente, os anos já deixaram de existir.
Embora seus lábios estejam cortados pelo vento, entoa Like a Rolling Stone, o que lhe conforta o coração. Talvez seja um simples andarilho para os céticos; talvez seja um discípulo real da liberdade para os profetas e filósofos. A verdade é que com sua velha concepção estampada no rosto, nos gestos, nas roupas, na maneira de pensar e ousar, cativa os últimos remanescentes da contracultura.

Antônio Carlos de Oliveira
(poeta e crítico literário)

O Carlinhos, que faleceu ano passado, deixou  sua história, seus poemas, seu livro e seu legado político. Esse prefácio nós discutimos juntos. Ninguém melhor que ele, com a sua sabedoria, para escrever essas palavras. O seu grupo, da esquerda autêntica, assumiu o município de Rio Grande. Era, sinceramente, o maior ideólogo desse grupo. Agora passou o projeto de lei, por unanimidade - o Carlinhos do PT será nome de rua.

Nenhum comentário:

Postar um comentário