MAIS UMA XÍCARA DE CAFÉ
PARA COMEÇAR, reitero a minha posição de escriba, pelo simples fato de relatar, observar, vivenciar e sentir na pele a conjuntura, sem qualquer rigor científico. Admiro muito o trabalho do educador, do núcleo familiar, do cronista, do político, do historiador, do cientista social. Admiro o manejo, o trabalho, homens e mulheres construindo o algo. Tenho me dedicado mais ao contexto político pela gravidade da situação. Um país em ebulição e sem rumos. Por carrear a cidadania, apresento-me, opinião. Mas repito, e sem a menor presunção, obreiro sem norte, monto versos, quadras, rimas. Foi por necessidade, aprendi sozinho. Gosto de respirar ritmos, cânticos, odes e adentrar os labirintos da metáfora e da sonoridade. Se posso chamar assim, o meu "pecado" foi ler atentamente os "Cadernos do Terceiro Mundo" pela adolescência. Sonho a verdade da América, a unidade entre irmãos. Lembro estar demasiado na vidraça de uma cafeteria, sem notícia melhor. Eu entardecia antes do sol, nos conformes de outono. Um estranho se aproxima - achando-me absorto do nada - meus olhos marejados, seus passos em paz. Disse-me para nunca imaginar dias melhores em tempo preciso. A janela que se fecha abriga um aceno futuro. A degustação do café, o encanto do mar, o sopro de um vento que não se espera. Pura poesia. Fiquei presente no intuito. A percepção sincera. Escutar alguém alheio, ao largo da mediocridade. Ele não parecia ter a pressa urbana; nenhum minuto desnecessário ficou. Nem precisaria. Vida, voz e vez - eu estava precisando conectar. Refazer, pequena implosão cotidiana. O generoso é a fotografia que negamos, é a raiz que ocultamos. Medo & coragem. O generoso volve. Talvez sejamos versos.
elmo.