sábado, 31 de dezembro de 2016

                    VELHO JUVENIL

Não sou carente. Apenas um existencialista recém-liberto dos guetos de Paris. Nalgum lugar preciso de registro. Chove em mim, inundação. Sobrevivo deserto. Chama e solidão. É minha a tempestade, de mais ninguém. Um dia penso me encontrar. Do alto da colina. Descrevo-me das varandas. Gelo no drinque. Sinto o frio das palavras; silêncio dos que se foram; e de  quem se esvai na neblina. Madrugada, vendo o couvert. Raspo meu último vintém. Paralela manhã, espanto matriz, ressoa vinil. Não me detenho. Novas vertentes. Antevejo um horizonte. Saio do nada para visitar um blues. Juro que estrangulo o sistema! Bebo qualquer náusea que há em mim. Escolho um caminho. Procuro não cair. Sapatos no quarto. Trago de volta pra casa o teu sorriso.

      E.W.R. 

Revisão crítica: Elmo Wyse Rodrigues
Revisão literária: Cristina Fontes

E assim o livro NOTURNO VERBAL encerra as suas páginas.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Rita: um sorriso
          na esquina
          tinha asas
          na brisa
          voou          
                    
                          BOCA DE RUA

          Dormente corpo / calçadas geladas / revirando os olhos da cidade / o  seu vapor / uivos de rua estampam / o teu batismo / te chamam de puta / ladra / escória / te alimentas na beira / lata enferrujada / esperas / sobras de ratos / te aproprias / 50 gramas de trigo / grades roubam tua liberdade / mulher, mãe e avó / fêmea não te respeitam / do ventre eles te multiplicam / repudiam tuas vestes / feito vômito / chagas da vida / eles te descartam / queimando / logo vão pro indulto / perante o altar / flagelo social / percebo tuas dores / abre o sinal / faixa de gaza / deixo um real / e vamos embora.   

         E.W.R.      




Este texto é uma elegia aos moradores de rua do bairro Cidade Baixa. Eles estão representados pelo jornal "Boca de Rua". E, ainda, representados na figura da Rita, uma liderança. Fiquei sabendo que ela morreu. Outras Ritas continuam...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

PASSO

Estou de novo na estrada,
Vento Estrangeiro
Acendo outro cigarro
Com o meu próprio nome.

Confesso não ser triste
Todo mês desconto as horas
Desalinhadas do firmamento.


O cerro e o mar
Delimitam meu horizonte
Encontrar outro inverno
Este não mais me aprisiona.


Estou aqui, temporada
Recém transpassei o inferno
Disseram que são os outros.


Não procuro respostas
Eu não me basto
Espero o disparo das seis.


E.W.R

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

               TEU CORPO ENTREGUE

A amêndoa
Eu fotografei
Dos teus olhos
Para nunca mais
Esquecer

Açoites cruzados
O corte da alma
A tua tiara dourada

Uma longa madeixa
Em pretos anéis
Meus ombros molhados
Bocas líquidas em fúria

O abraço do porvir
Carícias e juras
Em retalhos de manhã
Teu rosto entregue

elmo.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

EM CONSTRUÇÃO

Não me sobra
mais tempo
para tempos passados.
O presente castiço
me absorve.

E.W.R.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

                   A DAMA QUE FASCINA


Andei perguntando, pesquisando, observando, quem é, afinal, essa dama que tanto nos fascina. A dificuldade em desnudá-la talvez resida na sua narrativa, sem discurso deliberado, ou objeto identificado. Poesia não é doutrina nem dogma. Por isso abre-se viva, nunca estanque. A rigor, uma definição cabal inexiste. Acho até mais coerente. Duvido que caiba num conceito resignado. Por outro lado, mesmo na esteira da metáfora, do jogo de palavras, do sentido duplo, ela é passível de interpretação diversa, em nome da linguagem que nos une. Como um gênero da Literatura requer tempo, apreço, vontade e emoção. Não acredito muito nessa conversa de "significante-significado". Nem mesmo Jean-Paul Sartre, na sua belíssima obra "O Que é a literatura", ousou classificar ou diagnosticar o texto poético. A poesia passa pelo prazer de abrir um livro em versos e repetir o gesto, como se fosse um rito. Por estar em movimento, em imagem, recusa paradigmas. Pode ser estudada, sem receios. Mas chegou a hora de assumir que é uma comum arte de intervir. Não sendo redoma, pode ser reinventada, intermediada, comentada ou adivinhada. E cada um tem o direito de fazer a sua própria leitura. Quem tece em linha, poeticamente, espera, na outra ponta, alguém que segure nas mãos um frágil e desvairado coração.

                      E.W.R.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

terça-feira, 11 de outubro de 2016

CLANDESTINO


Desde há muito percorro
subterrâneos e subterfúgios
entre o "eu e o outros".

Vou abrir uma janela direta pro mundo.

Clandestino é o que se pensa
das entrelinhas.
É o que se sublima na origem
da ideia.

Clandestino é quem fica
no exílio,
mesmo tendo voltado pra casa.
É o amor de você durante
a impossibilidade.

Clandestino é quem vive
a luta do dia e as armas depõe
pela eterna bandeira de paz.

E.W.R.


 



quinta-feira, 29 de setembro de 2016

FRENTE DE ESQUERDA!

Então, a vida toda defendi uma frente de esquerda, desde jovem, durante o movimento sindical e agora. Quem me conhece sabe. E acredito nisso. De certa forma, temos essas ideias, mesmo que em segundo turno, nas eleições municipais. Eu, além do discurso, sempre o fiz, na prática. Agora, por exemplo, vou votar na LUCIANA GENRO (PSOL), aqui em Porto Alegre; apoio a reeleição do ALEXANDRE (PT), em Rio Grande; e o meu candidato a vereador é de um partido pequeno, o SANZI (PRC).

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

INCOMPLEXO


Ainda na procura
da procura
de como me encontrar.

E na procura
da procura,
por onde te encontrar? 

E.W.R.

terça-feira, 13 de setembro de 2016

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

AGORA SIM! A AVENIDA PAULISTA ESTÁ SENDO OCUPADA POR CIDADÃOS BRASILEIROS, NÃO MAIS PELA MASSA DE MANOBRA DA BURGUESIA.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

A AGONIA DA DEMOCRACIA

Para ser coerente, e acho necessário o ser, muito antes do golpe, quando o  Congresso Nacional foi eleito, a mesma mídia noticiou que estávamos elegendo o pior parlamento da História do Brasil. Sem novidades. Em algum momento o golpe ocorreria. Naquele instante, a democracia já demonstrava indícios de agonia. O Brasil, mais uma vez, assim como  em 1964, debilita forças pensantes e pulsantes na América Latina. Durante a ditadura militar, houve grandes mobilizações nacionais pelas DIRETAS-JÁ. Assim como os movimentos sociais, Dante de Oliveira e nós  lutávamos por eleições diretas para a presidência deste país. Os reacionários e os militares no poder não aceitaram, frustrando a maioria da população. Culminou na eleição indireta de Tancredo Neves, avô do senador Aécio Neves, por um colégio eleitoral, que jamais substituiria uma votação popular.  Não é estranho, pois, o senador Aécio ser partícipe agora do golpe e, por conseguinte, eleger de forma indireta, via colégio eleitoral, Michel Temer. Quem sabe da vida pregressa do Temer é a agência Wikileaks. Rafael Correa, presidente do Equador, um dos políticos mais lúcidos e preparados da América do Sul, esclarece: é a volta da operação condor, que prendeu, torturou e matou milhares de latino-americanos. Contextualizando: Temer precisa da hedionda repressão para tentar se manter no governo. Eu não esperava lutar novamente por eleições diretas tão precocemente - esta é a nova e velha luta que devemos deflagrar e defender sempre, para nunca mais nos surpreendermos. 

Elmo Wyse Rodrigues

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

UM PEQUENO MUNDO

Quando infância
Dividindo o pão 
Em meio às tartarugas
Um pequeno autista
Queria gritar.

E.W.R. 


segunda-feira, 22 de agosto de 2016





Lá fora o cinza cortina a tarde. Fecha a janela. Faz de conta que é madrugada. Abre uma fatia em nosso tempo. Sol nos acordes, dedilha o meu violão. O buquet decompõe em taças bordô um novo poema tinto. Fecha-nos agora. Faz de conta que é primavera...

             elmo. 

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

BALADA DE UM POETA MARGINAL


A vida toda
paguei o preço
por levar
uma vida só.

Na impossibilidade,
me sobra
este poeta marginal.

Quem me ama sabe.

E.W.R.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

EXPLOSÃO & VEZ


Nem sempre é simbologia

Nem sempre tem significado
Às vezes é só um espasmo

Nem tudo tem movimento

Nem tudo é marasmo
Às vezes, um experimento

Nem sempre a crença

Nem sempre a  diferença
O  vital pode ser orgasmo.

E.W.R.

terça-feira, 19 de julho de 2016

Tão só poema. Logo será dia


Oh, lua!
Vou ao teu encontro
porque me observas gélida.

E tu, noite,
sei que conténs
perigo e risco;
logo só te desafio
onde és pura.

Madrugada:
Estou contigo
não por boêmia...

Ah, solidão!
Por que não me abandonas
quando o dia cai?

E.W.R.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

MENINA TRISTE


O que tens,

Menina de olhos tristes?
Por vezes
Pareces tão próxima, tão meiga
Por vezes
A imensidão do horizonte
É a tua morada.

O que tens,

Menina de olhos tristes?
Deixa eu beber a tua melancolia
Deixa eu molhar a tua boca
Quem sabe assim...

O que tens,

Menina de olhos tristes?
Eu só quero te afagar
Nada mais prometer
Jamais desencontrar.

Foram densas nuvens

Um prematuro temporal
É recomeçar a namorar
Podes derramar a tua retina
Enquanto entoamos as mãos.

O que tens, 

Menina triste?
Mais vontade eu tenho
De te amar...

 E.W.R.

domingo, 12 de junho de 2016

O QUE É A LIBERDADE?


Nada liberta
A coca-cola a mídia a esmola
O dia a dia o modismo a folia
O misticismo a escola o pão


Tudo tudo é escravidão
Tudo tudo é servidão


Nada liberta
A mentira o pranto o patrão
A hipocrisia o banqueiro o sermão
O comodismo a tirania a prisão


Tudo tudo é escravidão
Tudo tudo é servidão


Toda liberdade
Se beberá fora da lei
É como estar vivo
E fluir fora da grei


Toda liberdade
É destroçar o alçapão
As razões de estado
São da canalha de plantão


Tem que ter resolução
Pra sair desse porão


E.W.R.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

 OBSERVAS...





Por precisares
desses momentos,
em total silêncio,
sem qualquer intenção,

- Como eu posso entender

essa incerta ausência
enquanto supões por mim?

Só a guarida que habita em nós

acirrará  a medida da atenção.

Quando a sofreguidão nos chamar,
sem escusas ou desatinos, 
quiçá  te ame antes de observar...

E.W.R.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

UM ESBOÇO AMOROSO


"O amor nunca excede - transborda."
            

        
O
  amor
      nunca
        excede,
            transborda.

        E.W.R.   

terça-feira, 10 de maio de 2016

EU SOMOS


Eu sou só

Nunca só para você
Eu não danço só
Eu transito sóis
Nada a sós para existir
Só de nós dois 
Somente nós entendemos
Eu somos nós

E.W.R.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

    HISTÓRIA, GOLPES E FARSA


Depois do massacre da mídia, por mais de ano, é até surpreendente o número de parlamentares que votaram contra o golpe. Não gosto de citar nomes, porém a Jandira Feghali e o Jean Wyllys, perante a gravidade da fala de um torturador, simplesmente arrebentaram!
Tirando alguns políticos equivocados - no meu entender- também surpreende ver a verborragia de vários reacionários, invocando a família(?), mas desprezando os valores, a ética, as conquistas de uma sociedade múltipla, digna, atuante, interativa.
Para quem possa ainda ter alguma dúvida: tanto é golpe que os desgraçados sequer mencionaram da tribuna as chamadas "pedaladas fiscais".
É difícil imaginar, sem um único voto popular, os dois políticos contestados  (e como!) governando o País. Michel Temer- Eduardo Cunha. O mundo político inteiro está estarrecido com essa possibilidade. Mais do que isto. O Brasil virou piada internacional.
A sensação que está no ar, e avança, é a de que a votação foi apressada e antecipada, pois a matéria ora aprovada já estava se descolando da realidade das mobilizações, em defesa da democracia nas ruas.
Agora, é o momento de dizer que as alianças espúrias devem ser banidas. Uma frente só se justifica se for formada por princípios, programa, ideologia. Como a frente do Uruguai, que vai muito bem, obrigado. Do contrário, políticos oportunistas podem sempre mudar de barco, conforme as negociatas. Pior: passam a ideia para a opinião pública de honestidade. Logo eles!...
O importante é continuarmos com a convicção de que lado da história estamos. O lado fácil da história costuma chegar como farsa. Carente de fundamentos, não se mantém.
O que verdadeiramente está em jogo ( e isto eles sonegam!) é a volta do surrado NEOLIBERALISMO - onde conquistas sociais são trocadas no mercado pela ganância, pelo lucro desenfreado. Não é à toa que a direção da FIESP apoia ostensivamente os golpistas.
Era o que eu tinha de escrever, como cidadão brasileiro. Não é a minha área, não é o meu papel. E sim de outros qualificados. Conheço pouco, aliás. Mas sei que nem tudo está perdido, como diz a canção. Sempre na luta, é o que eu tinha para o momento. Atenciosamente,

     Elmo Wyse Rodrigues

quinta-feira, 7 de abril de 2016

    "Penso, logo existo."
        René Descartes


     DA EXISTÊNCIA 


O que introjeto ou projeto
é sentimento, é uivo, é razão,
- Hum! desidratado coração!

Não aprumo essência.

Aquieto desafio no caminhar.
Que fale o vasto mundo
para expressar, ou se justificar.
Arrogância. Ganância. Fome geral.

Por onde andará
dividir os porquês do quotidiano?

Mais um dia é claro.
Afora, alhures, na cercania.

Grupo social é feito formiga.
Esta, porém, não é autofágica.

O futuro poderá perguntar:
Somará ser humano?

Séculos ao largo passaram:
A dúvida corrói.
Venha, civilidade!

Aposto na possibilidade.
Um núcleo qualquer age, logo
abriga mutantes.

Descartes conhecia o dilema
entre a barbárie e a sobrevivência.

Ah, inconsciente coletivo,
expõe tua mensagem poética;
gesticula teu horizonte hoje.

Penso no signo da vida.
Valerá ser humano.

Não descarto existência.


E.W.R.

segunda-feira, 28 de março de 2016

" O que sou
é dar socos
contra facas quotidianas.
E é pouco."


                 CARLOS NEJAR
                  (Qualificação)

sábado, 26 de março de 2016

RECEBI DOIS CONVITES DOS MOVIMENTOS SOCIAIS DE RIO GRANDE/RS EM DEFESA DA DEMOCRACIA. QUE ESSES ATOS ECOEM POR AÍ...

sexta-feira, 25 de março de 2016


A poesia não diz o que não sente.
O poeta não diz que sente.
O homem diz...
      
Violeta Valdana


Violeta Valdana - poeta nascida no Uruguai e que vive na fronteira do extremo sul do Brasil. Autora do livro inédito "Um Coração na Rota do Trem". Militante do dialeto portunhol. É colaboradora do blog Olhar Poético. 




segunda-feira, 21 de março de 2016

                                 NO LIMITE



Andava inquieto e rebelde. Descobri um sentido. Só pode ser. Mesmo sentindo um motivo primal, caminhei e vaguei. De tanto, achei cidade e promessa. Parava incerto, os olhos decerto no céu. Doía o peito antes de ser coração. Já sei. Não posso voar. Afastei a incompreensão. Escrevia assim, forjando papéis. Enquanto engenheiro, calculava poemas. Durante andaime, nascia poeta. Pra ser arquiteto, chamei as estrelas. Não posso voar. Se voo sou louco, se pouso sou tonto. Pensei ser claro seguindo o sol. A química das nuvens cerrava meu corpo. Procurei pelos bares. Esperei das pessoas. Esqueci de existir. Abri tantos livros... jamais saíram inteiros. Talvez a urgência. Não vejo objeto. Tanto sobrado em vão. Não sou um Rimbaud. Tão calado fiquei. Quase perco a quimera. Ficar solto em frases quando Pessoa presente de tudo falou. Sei lá, foi a inércia, a rotina suada, ou quebrava em tempo, ou explodia pra sempre. Não me calo em coro – só declaro uns dias melhores. No limite observo. Achei um sentido. Não posso voar. A maturidade segura-me em termos. Se nunca fiquei, não viajem por mim. Não apontem os dedos. Não aceito ingerência. Sei bem cobrar do que sou capaz. Não cresci dessa moral. Só atira uma pedra quem da pedra saiu. No limite sou quieto, não abusem do "certo".
                                         
                                       E.W.R.

terça-feira, 15 de março de 2016

 QUARTO ANDAR 

Nem centro nem ego
Epicentro seja defesa
É precisa e decide
Vaidade não soma
Autoestima constrói
Sobe degraus
É quarto o andar
Tempo presente futuro
Clareia e areja
A cinza abertura
Cai massivo o tijolo
A regência verbal
Avisa a hora
Um hóspede chegou
O arco era frio
A harmonia da chuva
Só recua na calha
Pé na escada
É quarto o andar
A vida é incerta
Por isso é vida
Meditar é mudar
Virar a esquina
Louca ousadia
Antes da roupa
Passar o passado
Debulhar a cortina
Quando vem a mudança
Vem inteira e nova
Abrir a janela
Atrás o biombo
Do que sobrou da rotina
Adiante a vitrine
Terracota por dentro
Um jardim afora
No terraço um pêssego
A moça comeu

E.W.R.

sábado, 5 de março de 2016

QUASE TUDO QUE EU QUERIA DIZER





Não desabafo, somente respiro.
Dizem alguns que ensejo termos difíceis.
Ora, me digam como ser fácil...
Eu não compreendo.
E se me entendessem demais,
O que diriam?
- Como esse poeta banaliza o cotidiano...!
Prefiro que escolham o teor do fonema.
Incompreensível para as massas.
Desse jeito destrataram o grande Maiakóvski.
Inglória foi a sua luta
Na justa labuta,
Um engajado free-lancer.
Caros & Caras,
Não se iludam: eles sempre vão falar
Por bem, ou por mal,
Bom ou mau.
Que seja bem-vinda a verve
De quem fala o que quer.
Relata um fato, pode ser a quimera
O que bem entender...
É  a liberdade expressa.
Um poeta é cidadão do mundo
Literal não se amarra.
Nunca será a vida uma compilação.
Um brinde à prosa literária
Inserida no todo de nós,
Pois sempre transcende
Toda e qualquer geração.

E.W.R.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

"A emoção é uma certa maneira
  de apreender o mundo."
        Jean-Paul Sartre



         AMIGA

Eu que tanto degustei
os becos da modernidade,

Amiga, não se assuste:
O que se dobra é nuvem...,
cinza e vã!

Hoje eu sei o que importa,
é amar... é amar... é amar...

Eu que tanto esbarrei
nos muros da maldade,

Amiga, não se assuste:
O que se mostra é arte...,
brisa e sã!

Hoje eu sei o que me toca,
é amar... é amar... é amar...


Poesia: Elmo Wyse Rodrigues
Música: Cristiano de Oliveira

domingo, 21 de fevereiro de 2016

NO CORAÇÃO A BAGAGEM



Vou romper
todas as barreiras
de sons, de tons
pra não perder
do rio a beira;

Explodir
todos os vidros,
todo o concreto
pra não mais fugir
ou lacerar o teto.

Depois...
que versem por mim
a tempestade,
os saltimbancos 
e a voracidade,
tintim por tintim.

Longe do limbo
sem viajar à toa
me espera a gamboa...

E.W.R.


O poema foi publicado no livro FUGA Nº3.


terça-feira, 16 de fevereiro de 2016




No hay nada aquí:
sólo unos días que se aprestan a pasar,
sólo una tarde em que se puede respirar
un diminuto instante inmerso en el vivir.
Despúes mirar la realidad
y nada más.

Silvio Rodriguez

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

AONDE FOSTE, BLACKBIRD?

Perdi-te em vida, poesia
O tempo foi atroz
O tempo ceifou o texto
A varanda e o varal.

Aonde foste, blackbird?
Pousar amores contingentes?
Beijar a estética da sombra?

Perdi-te não faz muito
Precoce e amiúde
Na retórica bacana
Triste do fraque puído.

Usurpei tua estesia
Esbulhei tuas pétalas
Ficaste em carne viva
Não ousaste mais cantar.

Esqueci de ti, poesia
Já vestiste o umbral?
Prepara-te para a noite
A noite mais longa da tua
Delicada existência.

O tempo foi crucial
A um impertinente normando
Deixa a voz, blackbird!
Não abandona o escriba assim,
Impunemente...!


E.W.R.