Elmo Wyse Rodrigues: poeta e escritor. Nos anos 1970, enquanto jovem, teve duas crônicas suas publicadas na antiga revista Geração Pop. Autor do livro FUGA Nº3. Foi homenageado pela "Confraria Barão D'Itararé" - entidade poética de Rio Grande. Eterno aluno da Contracultura e do Existencialismo. O novo livro de poesias e prosas poéticas, NOTURNO VERBAL, já foi lançado. É integrante da banda “Corsários do Parque”. Maiores informações a respeito dos seus livros: assessorianoturnoverbal@gmail.com.
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
Vem aí o Blog do Carlinhos, Antônio Carlos de Oliveira, falecido precocemente. Este amigo tem várias de suas poesias. O Carlinhos costumava escrever em folhas soltas, e, como era de costume, dava de presente várias obras. Assim, conto com a ajuda das pessoas que receberam poemas do Carlinhos para que o seu Blog tenha o maior número possível de seus ensinamentos, seja em forma de poemas, seja em forma de textos políticos.
terça-feira, 26 de novembro de 2013
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
EM PRIMEIRA PESSOA
Na primeira pessoa
me transmuto em rimas,
me conjugo em verbos.
O presente, o passado, o futuro
Eu declamo.
Na primeira pessoa
o livro açoita a loa.
Como um poeta medieval,
escrevo no singular,
Vocês leem no plural.
A primeira pessoa
em regras gramaticais
comigo flexiona.
Ela apenas discorda
se nas metáforas me abrigo,
se as diáforas explico.
Regente sem mérito,
caio na teia do pretérito.
A primeira pessoa
textualmente anuncia:
ficção é fotografia,
realidade é fantasia.
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
terça-feira, 15 de outubro de 2013
UM
TEMPO DIFÍCIL
Há um
tempo difícil
E é
de todos nós
Há um
vento inteligível
Arrasta até viramos sós.
Chega
um mundo visível
Tão
claro e cometa
Assim
como agride
Global
simula afagar.
Ficamos imunes
Vacinados
e espúrios
Livres
da pungência alheia.
Há um
tempo difícil
A nos
deslumbrar
Há um
vento incrível
Nem
podemos andar...
Chega
um ego e cega
A
política alquebrada só nega
A miséria
da nossa aldeia
A pobreza da nossa inveja...
A pobreza da nossa inveja...
domingo, 6 de outubro de 2013
Ponto de Partida
Vou transpassar
a parede
da solidão,
vencer o cansaço
do meu coração
e libertar as amarras
que tolhem meu ego.
Vou transpor
os muros que construí
- lembro-me bem – em um inverno
quando estava só
em meio a tantas pessoas (?)
e exaltar meu verdadeiro eu.
Quero lançar às águas
esse navio de expectativa e fé,
hoje com as âncoras enferrujadas
n’algum porto vazio,
porém com piratas de sentimento...
Não almejo, por outro lado,
metáforas, arquétipos, meias-verdades...
Parto em busca da essência,
que perdi
num vago trecho
no trajeto de volta pra casa
quando, migrante precoce,
tentava ser sujeito da própria história.
Poema original que se transformou em letra com a
parceria do grande poeta Antonio Carlos de Oliveira (1957-2012). Música gravada
pelos Corsários do Parque em seu CD. O poema foi premiado e publicado pelo Instituto da Poesia Internacional no livro "Mil Poetas Brasileiros, Volume 30". Obra organizada pelo poeta e crítico literário Toni Carré, em 1994.
quarta-feira, 18 de setembro de 2013
terça-feira, 3 de setembro de 2013
Universalidade
O que viceja, em outras palavras,
Assume os ares, uma cosmovisão.
Desnecessário dizer, lento aparece,
Nas entrelinhas, o ser universal.
Não é o que chamam globalização.
Não é corrediço nem marasmo nem cerração.
Prescinde fronteiras, está nas origens.
É mundo. O que pulsa nas veias.
A essência de nós. Transcende os lábios,
Posto que ideia.
Quem sabe de nós se exime de glebas, xenofobias.
O suspiro do vampiro neoliberal não resiste
Ao sopro das dobras do mundo.
Quem vem como farsante não passa de um múrmuro.
Rasura a linguagem. Passante do nada.
O que cosmopolita cativa flui das vertentes.
Não nasce em genoma o sentido da existência.
Elmo Wyse Rodrigues
quarta-feira, 31 de julho de 2013
CE QUE
DENOMMENT DE TARD…
Le
soleil éclatait le visage. Je me suis réveillée au sud, l’extrême sud.
Pas de nord ni de
chimères. J’ai pris le café habituel. Le pain durci, je le mâche.
Quelqu’un a dormi ?
Pas moi. Rien plus, rien de mauvais.
La voisine à nouveau a
frappé la fenêtre. Sur mon visage.
Le soleil au visage, la
voisine en face, le désir dans la peau.
C’est aujourd’hui. Plus un
jour.
Pendant la nuit, la
semaine dernière, j’ai entendu quelqu’un hurler : les jours sont tous les
mêmes!...
Je trouve bête la vie, je
la trouve.
Hâté et fatigué, les rues
sans rupture. C’est juste un rituel. Rien moins.
Le tout de la journée,
égoïste dans ma chambre, j’ai noté sur mon journal, une fraction en plus.
Coin a coin, je pense au
monde et dans qui le peut changer – peut-être d’endroit. Ou de mon salon.
Qui fait du sens,
qu’est-ce que fait du sens dans cette rotation ? A qui parler ?
L’ascenseur
par étage m’écoute.
Les rues pavées, sont très
peu sur lesquels j’ai marché. C’est une longue journée. Après je la te raconte.
Un billet froissé. Une
chemise repassée. Un pied sur la route. L’autre froissant la pierre.
Le vent siffle. L’ami au
coin de la rue. Ne trébuche pas, la chaussée ! Ne fait pas de nouvelles
sur la chute.
Je juste tombe sur la
route. Je n’ai pas besoin de mouchoir, Caetano. La gorge étouffe.
La ville brume le noble
acide : d’une telle dense monte en poudre.
Qui travaille dans les
cendres le sait : tout qu’émane c’est le silence du matin.
Calme-toi soldat. Qui ose
crier de ruelles ? Oui, le silence c’est l’art, Susan Sontag.
La monnaie de la fibre, se
rase et murmure, c’est la veine tranchée ; envahi et libère la voix de la
cave.
Un pied sur la route. Je
ne peux pas m’arrêter. Si je pense c’est déjà tard.
Quand
arrive l’après-midi, il tourne le constante dans le film des heures.
Les rides et les yeux
tournés contemplent la nuit du jour.
Pourquoi appellent-ils de
tard ce qui vient de naitre ?
Depuis petit j’ai cru que
le pêcheur récoltait le filet et gardait le temps qui restait à la mer.
Disparaissaient sous les
lumières : le courage et le clair de lune.
Aujourd’hui il reste dans
la poche l’argent qui m’a couté la vie
C’est bizarre quand je me
réveille, je suis un miroir d’un temps aux chandelles.
Personne n’a éteint. Il
n’y aucun personnage qui parle à soi-même.
Il y avait des soldats de
vert. De ceux-là je ne veux pas me rappeler.
Combien vaut l’absence
d’un père, d’un idéal qui s’est allé ?
C’est sûr que dans le vert
freine du feu rouge, j’abrège l’avenir.
Dans le regard du présent
déchiré et terne ; A peine je n’ai pas le droit de faire la lecture comme
si l’espérance c’était un excentrique acte. Amer et plomb.
Je casse la mémoire, je la
noue et la pelote.
Dans le vitrage sombre se
passe une génération. Si je pense que c’est tard je ne peux pas m’arrêter.
Si je me penche sur la
pluie, d’autres sont les tournesols
Le rut du couteau affile
le sens, épluche et tourne le fil des idées.
Ecoute
la voie mon gars. Ouvre le verbe et viens voir le coup de l’ordre
Lâche-moi dormir réveillé.
La journée c’est longue, et elle parle par soi-même.
* Poème
en prose extrait du livre « Noturno Verbal » (Soirée verbale).
Elmo
Wyse Rodrigues: poète et compositeur, auteur du livre « Fuga n. 3 ».
Porto Alegre - Brésil
quinta-feira, 25 de julho de 2013
CERIMONIAL
Não chegaram os convidados.
Presentes alguns personagens
Em meados de inverno.
Vou abrir a cortina.
Nunca tive medo de mim,
Nem das contingências verbais.
A estrada é um desafio.
Eu o aceito a cada paragem.Não tive idade para
Ser banido. Mas fui ferido:
Sou deserto e travessia.
terça-feira, 9 de julho de 2013
ESPELHO & FANTASIA
Não posso me preocupar por que
perguntam se não vou mais poetizar. Quando cantei na canção que não pretendia
escrever, não lia ensaios, pouco sabia de mim. Dar publicidade ao
silêncio. Eis a questão. Lacan foi profundo demais quando publicou a sua
angústia. Ultimamente prescrevo niilismo, logo pareço descrente ou triste vivente. O que gosto
da vida, desinteressa, é banal. Um literato esperam. Assim como eu,
confundem e consomem na mesma mesa um ancestral e a literatura. O apetite está no
licor. Um dia um amigo falou, ao ler um poema: levaste mesmo três tiros? Respondi: muito mais! Na verdade mistifico demais. A arte nasceu da fábula, uma
metáfora, briga de rua: um se dizia fariseu; o outro, diabo. Como eu tinha
muitas vidas sangrando, traduzia dramas. Porque ler ficção entre profetas inebriados, ser druida
na alucinação - essas criaturas já rondavam os burgos da classe média. Nada sei! Estou no meio do fantasma e a fantasia. Se quiserem mesmo
saber, só escrevo na primeira pessoa por desígnio de quem luta e não sabe o
jogo, a técnica de dividir em atos o laudo das escrituras. Há mais de trinta
anos escrevo. Utopia e vontade. Sem pretensão. Esqueçam. Sou apenas um internauta cinza que caminha perto do espelho e senta na cadeira para aplaudir a multidão.
E.W.R.
sábado, 29 de junho de 2013
NO LIMITE
Andava
inquieto e rebelde. Descobri um sentido. Só pode ser. Mesmo sentindo um motivo
primal, caminhei e vaguei. De tanto, achei cidade e promessa. Parava incerto, os olhos decerto no
céu. Doía o peito antes de ser coração. Já sei. Não posso voar. Afastei a incompreensão. Escrevia assim, forjando papéis.
Enquanto engenheiro, calculava poemas. Durante andaime, nascia poeta. Pra ser arquiteto, chamei as
estrelas. Não posso voar. Se voo sou louco, se pouso sou tonto. Pensei ser claro seguindo o sol. A química das nuvens cerrava meu corpo. Procurei
pelos bares. Esperei das pessoas. Esqueci de existir. Abri tantos livros... jamais saíram inteiros. Talvez a urgência. Não vejo motivo. Tanto sobrado em vão. Não sou um
Rimbaud. Tão calado fiquei. Quase perco a quimera. Ficar solto em frases quando
Pessoa presente de tudo falou. Sei lá, foi a inércia, a rotina suada, ou
quebrava em tempo, ou explodia por dentro. Não pensem que sofro – só declaro uns dias melhores. No limite observo. Achei um sentido. Não posso voar. A
maturidade segura o sentido do termo. Se nunca fiquei, não viajem por mim. Não
apontem os dedos. Não aceito ingerência. Sei bem cobrar do que sou capaz. Não
cresci dessa moral. Só atira uma pedra quem da pedra saiu. No limite sou quieto,
não abusem do "certo".
E.W.R.
E.W.R.
segunda-feira, 24 de junho de 2013
sexta-feira, 21 de junho de 2013
AMÉRICA
O que fazer deste mundo
senão sangrar?
As pétalas o cálice
cortaram...
Um grito tribal acorda a vertente.
América chora! Chegou tua hora
A tua mestiça história ninguém
calará!
Outrora cortaram tua língua
Em vários dialetos hoje gritarás.
O que fazer dos Andes
senão sonhar?
Inútil falar da fotografia nevada
Servida em fatias, um doce jantar
Índios rebeldes, domem a Constituição.
América corta galeana as veias
Estanca a fome, a sede dos teus ancestrais
O que faz um homem senão caminhar?
Menina atiça sangrando
E masca serena a igualdade do pão.
América vibra! Teus filhos chegaram
Ao sol se abraçam
Como um livro aberto.
Um ventre parindo.
América explode!
Sem vingança ou ode
Mas vigia as armas
Ou vão te trair...
Elmo Wyse Rodrigues
sexta-feira, 14 de junho de 2013
QUINTAL FECHADO
Chegando no prédio voei para dentro de casa. Todo caminho eu escolho a rota. Não abri a porta. Sou feito de grades e aço. Na sobra, pura vidraça... Respirei na sacada comedido o ar. Escuto a lua para elaborar um texto. Por que quando chego não vejo o relógio? Bem-vindos à sala. Olá, sofá arranhado. Patti Smith cantando. De novo só um antigo vinil. Não ouvir telefone. Uma regra básica. Ele conspira contra o silêncio, berço esplêndido da melodia. Uma via da regra. Nem sempre deveria ter outra voz na mesma linha. Quando quero vou falando a esmo e rindo de nós. Fora da linha. Sou bem-humorado se me deixam falar. Falar para si é aprender a ouvir. Acabei no ditado uns rascunhos por não saber recitar. Um dia gritei tão alto, quando me dei conta estava dentro da tevê. Já me disseram que estou na fronteira. Pouco sei da loucura; o que sei sai translúcido. Eu não entendo por que no condomínio explodem portas e quebram janelas. Por isso não tenho agenda e me ajeito em cada lugar onde morei. Eu não sou daqui. E daí? Cresci na essência. Estou fora da casa e dentro de um apartamento. A serenidade vagamente lembro de cor. E foi pelas andanças tardias. Gosto da vida. Não me levem a mal. Saber calibrar o açúcar do sal. Ao largo da culpa, pois não inventei a imperfeição. Com licença, é tão bom existir. Vou anotar. Nem sei como trouxe quase tudo que pensava. Os cadernos estão comigo. Mas não me sinto dentro deles. Não sou escritor da elite. Sou de bairro operário. Construí meu caráter alhures, mesmo sem ter benesses da vida. Quero passar, quem quiser que me leia. Se falar em política o poder e a grana podem mudar de partido.
Eu não faço concessão porquanto a luta me chega em ideia. Ser livre é isto, expandir a caneta, agrade ou não. Se consigo acesso prefiro culturas. A erudição me chateia. Não a cultura que serve de estátua e não quer mudar. Este micro-ondas um dia arrebento! Primeiro vou aquecer um pouco do bife. Querem a receita do sucesso? Pão com bife. Depois coloco no prato um blues. Vou continuar a missiva. Trinta anos depois voltei a blefar no pife e na bolinha de gude. Verdade! Só não posso olhar dois Camus pela frente. Guardarei na gaveta, os livros e os planos. Noite fechada. Sem despedida, larguei a escrita. Boa noite, solidão.
segunda-feira, 10 de junho de 2013
Quarto Andar
QUARTO ANDAR
Nem centro nem ego
Epicentro seja defesa
É precisa e decide
Vaidade não soma
Autoestima constrói
Sobe degraus
É quarto o andar
Tempo presente futuro
Clareia e areja
A cinza abertura
Cai massivo o tijolo
A regência verbal
Avisa a hora
Um hóspede chegou
O arco era frio
A harmonia da chuva
Só recua na calha
Sobe a escada
É quarto o andar
A vida é incerta
Por isso é tudo
Meditar é mudar
Virar a esquina
Louca ousadia
Antes da roupa
Passar o passado
Abrir a cortina
Quando vem a mudança
Vem inteira e nova
Abrir a janela
Atrás o biombo
Do que sobrou da rotina
Adiante a vitrine
Terracota por dentro
Um jardim afora
Um jardim afora
No terraço um pêssego
A moça comeu
E.W.R.
sexta-feira, 7 de junho de 2013
O que chamam de tarde...
O QUE CHAMAM DE
TARDE...
O sol explodia o rosto. Acordei ao sul, extremo
sul. Sem norte nem devaneios. Tomei o café costumeiro. Pão dormente mastigo.
Alguém dormiu? Não eu. Nada de mais, nada de mal. A vizinha de novo bateu a
janela. Bem na minha cara. Sol no rosto, vizinha na cara, desejo na pele. Mas
hoje é dia. Mais um dia. De madrugada, semana passada, ouvi alguém uivar: os
dias são todos iguais!... Eu ando achando, tola vidinha eu ando achando. Apressado
e cansado, sem ruptura nas ruas. É só
ritual. Nada de menos. O todo do dia, neste quarto de hotel, anotei num diário, uma
fração a mais. Bairro a bairro, eu penso
no mundo e quem pode mudá-lo - talvez de lugar. Ou da minha sala. Quem faz
sentido, o que faz sentido nessa rotação? Com quem conversar? O elevador por
andar me escuta. De concreto, poucas ruas vaguei. Há uma longa jornada. Depois
te conto. Antes vou consumir a tinta da ribalta. Um bilhete amassado. Camisa
passada. Um pé na estrada. Outro amassando a pedra. O vento assovia. Amigo na
esquina. Não tropeça no pé, meio-fio! Não faz notícia da queda. Eu só caio na
estrada. Não preciso de lenço, Caetano. A garganta esgana. A cidade neblina o
nobre ácido: de tão denso sobe em
pó. Quem labuta nas cinzas, bem sabe: tudo que emana é calada
manhã. Calma, soldado. Quem ousa das vielas gritar? Sim, o silêncio é arte, Susan Sontag. O troco
da fibra, se raspa e resmunga, é veia partida; invade e vaga a voz do porão. Um
pé na estrada. Não posso parar. Se penso é tarde. Quando chega a tarde roda
mesmice no filme das horas. Rugas e
olhos virados miram a noite do dia. Por que chamam de tarde o que está por
nascer? Desde pequeno acreditei, o pescador recolhia na rede e guardava o tempo
que sobrava no mar. Desaparecia nas luzes: coragem e luar. Hoje sobra no bolso
o metal que me cobra o custo da vida. Quando acordo, é estranho, sou espelho de
um tempo a velas. Ninguém apagou. Não há personagem que fale por si. Havia
soldados de verde. Desses não quero lembrar. Quanto vale a saudade de um pai,
um ideal que se foi? O futuro ficou. Ao olhar o presente rasgo rito
e um terno; só não tenho o direito de fazer a leitura como se fosse a esperança um excêntrico ato. Amargo e chumbo. Parto a
memória, laço e novelo. Mas não vira herói quem tortura sementes. Enquanto turvo
a vidraça, passa uma geração. Se penso que é tarde, não posso parar. Se me
debruço na chuva, outros são girassóis. O cio da navalha afia a vertente, apura
e gira o fio das ideias. Escuta a via, rapaz.
Abre o verbo e vem ver o corte da ordem. Deixa eu dormir acordado. O dia é
longo, e fala por si.
ASSIM
GRITA A HUMANIDADE SEGUNDO UM MUDO POETA
O
grito poético de Rimbaud /
O
grito selvagem de Jack London /
O
grito andaluz de Garcia Lorca /
O
grito primal de John Lennon /
O
grito andarilho de Walt Whitman /
O
grito rebelde de James Dean /
O
grito existencialista de Sartre /
O
grito folk de Bob Dylan /
O
grito incendiário de Joana D’Arc /
O
grito teatral de Shakespeare /
O
grito calabar do Chico Buarque /
O
grito vermelho da Rosa Luxemburgo /
O
grito guerrilheiro de Guevara /
O
grito satolep de Vitor Ramil /
O
grito oriental de Buda /
O
grito anarquista de Bakunin /
O
grito Iisérgico de Jim Morrison /
O
grito convulsivo de Dostoiévski /
O
grito underground de Marcuse /
O
grito heterônimo de Fernando Pessoa /
O
grito feroz de Maiakóvski /
O
grito urbano de Renato Russo /
O grito rural da Via Campesina/O grito quilombo de Zumbi /
O
grito visceral da Janis Joplin /
O
grito beatnik de Jack Kerouac /
O
grito lírico de Cecília Meireles /
O
grito debochado do Barão D’Itararé /
O
grito vagabundo de Charles Chaplin /
O
grito liverpool dos Beatles /
O
grito evolucionista de Darwin /
O
grito comunista de Marx /
O
grito inconsciente de Freud
ELMO
WYSE RODRIGUES
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