sábado, 19 de janeiro de 2019

TERNO ENGOMADO

Na vertigem das linhas
Dobram-se horas
Destilam orvalhos

Na vertigem das linhas
Espasmo do tempo
Dobram-se vidas
Desfilam sapatos
Engomam colarinhos


Na tábua rasa das leis
Sob ternos engessados
Deitam homens no asfalto

E.W.R.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Perto de perder o sono, ganhei olhar pela janela. Pássaros e ônibus já disputavam os primeiros ecos difusos do alvorecer. Caminhei até o arroz integral, com sal do Himalaia. Espero ter protegido a receita budista no refrigerador. Quatro horas. Oh, inferno estas batidas do soturno relógio; berram na parede.  Estranho por estranho, coloco um Frank Zappa na vitrola, baixinho. A bela vizinha é médica. Resolvi ficar na cozinha. Local de onde envio-lhes esta inútil carta de dormir. Na mesa de refeições, o segundo livro dos republicanos espanhóis. Franco, cai fora. Estou a poucos metros da pequena varanda. Estou só. Ademais,

cercado de automóveis, vidraças & aviões. A poucos centímetros desta angústia perene. Ela  me queima em turbilhão. Mas disseram que amanhã não verei nuvens, e sim um sol de banheira aquecendo a lucidez. Sussurram luzes na sacada alheia. É permitido voar em calmaria. Tranco-me em suspiros, ao deitar o corpo no sofá da sala de estar.


                      Outubro de 2018

                         E.W.R.

domingo, 6 de janeiro de 2019



Pela estrada
cai a noite.
Como é longe
o meu amor.

E no primeiro
passo dessa distância
lhe direi:
estou a caminho...


Elmo Wyse Rodrigues /
Milena Ribeiro