O VERNIZ DA MODERNIDADE
Abraço o amanhã
por entre becos, ravinas,
arlequins.
Cortei os pulsos da modernidade.
Não serei subterfúgio
ou escarro da posteridade.
Não serei combustível
de impostores, profetas ensandecidos.
Abraço o amanhã
nos grafites, jornais,
folhetins.
Degustei a agonia desta geração.
O anonimato me espera.
A inquietude me redime.
Crepúsculos não haverão. Antes marulhar,
depois fenecer.
Abraço o amanhã
pelas janelas, telhados,
jardins.
Preparei um ofício rameiro.
O verniz da mediocracia
não me seduzirá.
Abraço o amanhã
em manifestos, assembleias,
boletins.
Não serei crepúsculo da posteridade.
Degustei os becos da modernidade.
O anonimato me engessa.
A inquietude me espera.
E.W.R.
Este poema foi publicado no livro Fuga nº3.
Elmo Wyse Rodrigues: poeta e escritor. Nos anos 1970, enquanto jovem, teve duas crônicas suas publicadas na antiga revista Geração Pop. Autor do livro FUGA Nº3. Foi homenageado pela "Confraria Barão D'Itararé" - entidade poética de Rio Grande. Eterno aluno da Contracultura e do Existencialismo. O novo livro de poesias e prosas poéticas, NOTURNO VERBAL, já foi lançado. É integrante da banda “Corsários do Parque”. Maiores informações a respeito dos seus livros: assessorianoturnoverbal@gmail.com.
domingo, 30 de novembro de 2014
domingo, 23 de novembro de 2014
ELEGIA AO INOCENTE SÍRIO
Desventurado arcanjo que tão cedo na vida
Vergastou-lhe as pálpebras a umidade da terra
[indócil].
Tombaste enquanto os lumes entrecruzavam
Os céus de Damasco arrebatando tuas quimeras
[infantes].
Descorados pela frialdade neurotóxica do instante
Teus lábios aturdiram o horizonte. Já não és,
Enquanto a carne putrescente colore o éter que ascende.
Homens vis que, entre a amônia e a trincheira,
Não compreendem que, ante a existência, todas
As ideias são funestos vazios.
Leonardo Rodrigues Gaubert
+ Leonardo Rodrigues Gaubert é poeta, advogado, compositor e integrante da banda Corsários do Parque.
Desventurado arcanjo que tão cedo na vida
Vergastou-lhe as pálpebras a umidade da terra
[indócil].
Tombaste enquanto os lumes entrecruzavam
Os céus de Damasco arrebatando tuas quimeras
[infantes].
Descorados pela frialdade neurotóxica do instante
Teus lábios aturdiram o horizonte. Já não és,
Enquanto a carne putrescente colore o éter que ascende.
Homens vis que, entre a amônia e a trincheira,
Não compreendem que, ante a existência, todas
As ideias são funestos vazios.
Leonardo Rodrigues Gaubert
+ Leonardo Rodrigues Gaubert é poeta, advogado, compositor e integrante da banda Corsários do Parque.
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
DIÁRIO DA MADRUGADA
(Ou de como virar um insone metropolitano.)
Dorme, Porto Alegre
Não consigo dormir
Ousei sem destino sair
Por toda a noite era silêncio
O silêncio de um passeio público
Madrugava um lirado neon.
Dorme, Porto Alegre
Não consigo dormir
Me confundo na tua veia
Na escuridão irradias
O que penso encontrar
É tanto despertar...!
De alegria ou melancolia
Adormecerás, por certo
Mas como acordar...Como?
Sem as notícias da madrugada
Sem as teclas dos internautas
Sem os acordes dos violonistas
Sem o espanto dos poetas
Sem o gemido dos amantes?
E.W.R.
(Ou de como virar um insone metropolitano.)
Dorme, Porto Alegre
Não consigo dormir
Ousei sem destino sair
Por toda a noite era silêncio
O silêncio de um passeio público
Madrugava um lirado neon.
Dorme, Porto Alegre
Não consigo dormir
Me confundo na tua veia
Na escuridão irradias
O que penso encontrar
É tanto despertar...!
De alegria ou melancolia
Adormecerás, por certo
Mas como acordar...Como?
Sem as notícias da madrugada
Sem as teclas dos internautas
Sem os acordes dos violonistas
Sem o espanto dos poetas
Sem o gemido dos amantes?
E.W.R.
terça-feira, 18 de novembro de 2014
O MELHOR FEITO POR NÓS
COMO QUEM DESAPRENDE
Sem tolerância ou benevolência
não geramos uma criatura.
Carimbamos a troca
como quem desaprende.
Sociedade calada, no apito, no grito
corre um risco e lesa,
fechando-se em castas,
excluindo homens de rua, mendigos ou não;
isolando homens prementes. Casas olhando ninguém.
Um grupo aclamado será social
quando medra viventes
e jamais se apropria de gente, nem ocupa um espaço,
- não é o seu carnaval.
Igualdade e temperança:
deverá ser narrado um livro
de velhos e novos caminhos,
sem farsantes telhados da hipocrisia,
sem objetos explodindo no ar;
um verdadeiro semblante, é humano,
- o melhor feito por nós.
Elmo Wyse Rodrigues
Sem tolerância ou benevolência
não geramos uma criatura.
Carimbamos a troca
como quem desaprende.
Sociedade calada, no apito, no grito
corre um risco e lesa,
fechando-se em castas,
excluindo homens de rua, mendigos ou não;
isolando homens prementes. Casas olhando ninguém.
Um grupo aclamado será social
quando medra viventes
e jamais se apropria de gente, nem ocupa um espaço,
- não é o seu carnaval.
Igualdade e temperança:
deverá ser narrado um livro
de velhos e novos caminhos,
sem farsantes telhados da hipocrisia,
sem objetos explodindo no ar;
um verdadeiro semblante, é humano,
- o melhor feito por nós.
Elmo Wyse Rodrigues
quinta-feira, 13 de novembro de 2014
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
O GOSTO AMARGO DE SEGUNDA-FEIRA
AS NOITES CALMAS
OS DIAS LEVES
MANHÃS BRANCAS
TARDES SUAVES
SEM O BRILHO
DA TUA PRESENÇA
MINHA ALMA FAZ GREVE,
GREVE SIM
O CANTO GRAVE DOS PÁSSAROS
SUAVE E LEVE
COMO O MEU SONHO DE ÍCARO
TRAZ O PERFUME DA TUA PELE
NO TIC-TAC DAS HORAS BREVES
O TEMPO PASSA
NAS RODAS DOS CARROS
NA FUMAÇA DAS FÁBRICAS
E CIGARROS
NO OLHAR DO VELHO NA PRAÇA
ENTRE LEMBRANÇAS
E PIGARROS
NA FÁBULA DA FORMIGA
E DA CIGARRA
TUA MÃO AMIGA
QUE AGARRA A ESPERANÇA
E AO TEMPO NÃO DÁ TRÉGUAS
A DISTÂNCIA DESSAS LÉGUAS
ACELERA A SAUDADE
DO PENSAMENTO QUE NAVEGA
NÃO VEJO O SOL DA PRIMAVERA
NÃO VEJO O BRILHO
DO FAROL DA COSTEIRA
SÓ ME RESTA ESTE OLHAR
MORTO DE SOLIDÃO
E NO PEITO O GOSTO
AMARGO DE SEGUNDA-FEIRA
E NO LENÇO O GOSTO
AMARGO DE SEGUNDA-FEIRA
AS NOITES CALMAS
OS DIAS LEVES
MANHÃS BRANCAS
TARDES SUAVES
SEM O BRILHO
DA TUA PRESENÇA
MINHA ALMA FAZ GREVE,
GREVE SIM
O CANTO GRAVE DOS PÁSSAROS
SUAVE E LEVE
COMO O MEU SONHO DE ÍCARO
TRAZ O PERFUME DA TUA PELE
NO TIC-TAC DAS HORAS BREVES
O TEMPO PASSA
NAS RODAS DOS CARROS
NA FUMAÇA DAS FÁBRICAS
E CIGARROS
NO OLHAR DO VELHO NA PRAÇA
ENTRE LEMBRANÇAS
E PIGARROS
NA FÁBULA DA FORMIGA
E DA CIGARRA
TUA MÃO AMIGA
QUE AGARRA A ESPERANÇA
E AO TEMPO NÃO DÁ TRÉGUAS
A DISTÂNCIA DESSAS LÉGUAS
ACELERA A SAUDADE
DO PENSAMENTO QUE NAVEGA
NÃO VEJO O SOL DA PRIMAVERA
NÃO VEJO O BRILHO
DO FAROL DA COSTEIRA
SÓ ME RESTA ESTE OLHAR
MORTO DE SOLIDÃO
E NO PEITO O GOSTO
AMARGO DE SEGUNDA-FEIRA
E NO LENÇO O GOSTO
AMARGO DE SEGUNDA-FEIRA
Antonio Carlos de Oliveira: poeta, escritor, ativista político, um dos fundadores da banda Corsários do Parque.
Exatamente numa segunda-feira de 2012 viria a falecer o Carlinhos. Hoje completaria 57 anos, como bem lembrou a+Lilia Wyse.
Exatamente numa segunda-feira de 2012 viria a falecer o Carlinhos. Hoje completaria 57 anos, como bem lembrou a
sexta-feira, 7 de novembro de 2014
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
CONTEXTURA Y CARINHO
CONTEXTURA & CARINHO
De que pele é feita
a bela morena
que não posso tocar?
Qual o beijo perfeito
que permite pulsar
a sua emoção?
Com que cor veste
os olhos
a bela morena,
que desnuda meu peito,
inerte de amor?
O que posso cantar,
qual o som da palavra
que abre a frequência
da sua atenção?
Como é feita a essência
daquela morena,
que seduz meus sentidos,
perfuma e explica
a minha atração?
E.W.R.
De que pele é feita
a bela morena
que não posso tocar?
Qual o beijo perfeito
que permite pulsar
a sua emoção?
Com que cor veste
os olhos
a bela morena,
que desnuda meu peito,
inerte de amor?
O que posso cantar,
qual o som da palavra
que abre a frequência
da sua atenção?
Como é feita a essência
daquela morena,
que seduz meus sentidos,
perfuma e explica
a minha atração?
E.W.R.
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