domingo, 30 de novembro de 2014

O VERNIZ DA MODERNIDADE


Abraço o amanhã
por entre becos, ravinas,
arlequins.
Cortei os pulsos da modernidade.
Não serei subterfúgio
ou escarro da posteridade.
Não serei combustível
de impostores, profetas ensandecidos.

Abraço o amanhã
nos grafites, jornais,
folhetins.
Degustei a agonia desta geração.
O anonimato me espera.
A inquietude me redime.
Crepúsculos não haverão. Antes marulhar,
depois fenecer.

Abraço o amanhã
pelas janelas, telhados,
jardins.
Preparei um ofício rameiro.
O verniz da mediocracia
não me seduzirá.

Abraço o amanhã
em manifestos, assembleias,
boletins.
Não serei crepúsculo da posteridade.
Degustei os becos da modernidade.
O anonimato me engessa.
A inquietude me espera.

E.W.R.

Este poema foi publicado no livro Fuga nº3.

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