O ATOR E SEU PAPEL
No fundo sou otimista
- acreditem.
Eu só falo no dia de amanhã.
Nem mais nem menos.
Na realidade sou cético
- acreditem.
Eu só amordaço o que convém.
Em verdade sou existencialista
- acreditem.
Eu só vivo o que sinto.
Ou o contrário.
Levo a vida a sério
- acreditem.
Daí tanta armadura,
ironia e melancolia...
Observem: Imperialismo
Fome
Chacinas
Torturas
Grilhões
- neuroses de esquerdista festivo...
A carapuça do meu papel
é melhor que o ator
- confiem.
Por favor: na saída
fechem a porta
e brilhem por mim...
E.W.R.
Mais uma do livro FUGA Nº3 ( com o acréscimo de "grilhões" ).
Elmo Wyse Rodrigues: poeta e escritor. Nos anos 1970, enquanto jovem, teve duas crônicas suas publicadas na antiga revista Geração Pop. Autor do livro FUGA Nº3. Foi homenageado pela "Confraria Barão D'Itararé" - entidade poética de Rio Grande. Eterno aluno da Contracultura e do Existencialismo. O novo livro de poesias e prosas poéticas, NOTURNO VERBAL, já foi lançado. É integrante da banda “Corsários do Parque”. Maiores informações a respeito dos seus livros: assessorianoturnoverbal@gmail.com.
terça-feira, 30 de junho de 2015
quinta-feira, 25 de junho de 2015
terça-feira, 16 de junho de 2015
MEMÓRIAS COMO SER CONTEMPORÂNEO
Eu não preciso mais entender o mundo. O destino acabou de adentrar. Ao passar da antessala, ele foi bem bacana. Discorremos sobre amenidades, como o tempo, os amores, a vida e os planos. Relatou-me que eu ia ser livre e amar sempre uma mesma mulher; que eu não teria jeito de acumular capital. Pois possuo a estranha mania de lançar os anéis ao mar. Salvo o vinho. O acaso que me perdoe. Mais tarde, encontrei a Elis na cafeteria, e ela me falou dos seus planos de amar minuciosamente sempre um mesmo homem.
Eu não preciso mais brigar pela paz. Sutil, o peito se abriu, a inconstância se foi. Escuto do coração os acordes de estar na contemporaneidade. É a calmaria de sorver o verde do mate, com a temperança do pampa e seus ancestrais.
Quando muito, o que deixei de fazer não me oprime. Por muito menos, apimentei a ampulheta para encarar a andança, a modesta participação. Eu tenho inveja da inveja dos meus inimigos, invisíveis ou não. Pertenço à aldeia, uso somente o quinhão que me compete na imensidão do universo.
Quanto ao mundo per se, precisa girar, atirar para longe o flagelo, a incompreensão. A fome sobeja feito uma guerra civil, na falta do consenso ao redor de um elo que, de tão perdido, ainda não encontrou a escancarada sabedoria.
Eu preciso mudar. Talvez conjugar os limites daquilo que me julgo capaz. Rebelde e fraterno, não descarto o pretexto de me inserir. Ou de me insurgir.
E.W.R.
quinta-feira, 11 de junho de 2015
LIBERDADE ABSOLUTA DE SENTIDO
A Existência em si não possui nenhum significado, no sentido é amorfa, indiferente. Somente a consciência, o Para-si lhe atribui sentido, e para isso é absolutamente livre para escolher seus valores. Na ética, na moralidade, o Para-si cria, inventa seus valores, sem existir nenhum valor a priori determinado. Não existe nenhuma consequência metafísica pelos valores e a conduta que escolhemos. A Existência é o que dispomos, é oportunidade, possibilidade. A morte é o nada, não pode haver nenhum projeto para a morte. Todos os esforços e empreendimentos têm que se ater à Existência. O desejo tem existência concreta, mas o Para-si é livre para interpretá-lo de acordo com a própria vontade e escolha de critérios. Essa liberdade, porém, está intrinsecamente na facticidade. A facticidade existe, concreta; e o Para-si decide como vai se posicionar em relação a ela. De acordo com o projeto surge uma específica facticidade. Existem infinitas facticidades de acordo com a existência de infinitos projetos-de-ser. O Para-si só decide a facticidade em função do projeto que escolheu. É intrínseca a escolha do projeto. Minha liberdade, minha vontade e escolha não tornam o rochedo que escolhi escalar menos íngreme ou mais íngreme, com um coeficiente de adversidade maior ou menor. Isso faz parte do ser-em-bruto do rochedo.
A Existência em si não possui nenhum significado, no sentido é amorfa, indiferente. Somente a consciência, o Para-si lhe atribui sentido, e para isso é absolutamente livre para escolher seus valores. Na ética, na moralidade, o Para-si cria, inventa seus valores, sem existir nenhum valor a priori determinado. Não existe nenhuma consequência metafísica pelos valores e a conduta que escolhemos. A Existência é o que dispomos, é oportunidade, possibilidade. A morte é o nada, não pode haver nenhum projeto para a morte. Todos os esforços e empreendimentos têm que se ater à Existência. O desejo tem existência concreta, mas o Para-si é livre para interpretá-lo de acordo com a própria vontade e escolha de critérios. Essa liberdade, porém, está intrinsecamente na facticidade. A facticidade existe, concreta; e o Para-si decide como vai se posicionar em relação a ela. De acordo com o projeto surge uma específica facticidade. Existem infinitas facticidades de acordo com a existência de infinitos projetos-de-ser. O Para-si só decide a facticidade em função do projeto que escolheu. É intrínseca a escolha do projeto. Minha liberdade, minha vontade e escolha não tornam o rochedo que escolhi escalar menos íngreme ou mais íngreme, com um coeficiente de adversidade maior ou menor. Isso faz parte do ser-em-bruto do rochedo.
M.R.
Um texto existencialista que eu gostei muito.
Um texto existencialista que eu gostei muito.
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