sábado, 27 de maio de 2017

A breve (mas necessária) biografia que foi para o livro:


Elmo Wyse Rodrigues: poeta, escritor, advogado. Nos anos 1970, ainda jovem, teve duas crônicas suas publicadas na antiga revista Geração Pop. Autor do livro FUGA Nº3. Participou de coletâneas regionais e nacionais. Foi homenageado pela "Confraria Barão D'Itararé" - entidade poética rio-grandina. Eterno aluno da Contracultura e do Existencialismo. Também é compositor e integrante da banda “Corsários do Parque”. Nasceu na cidade de Rio Grande. É filho de Athaydes Rodrigues (matemático, político ) & Mary Wyse Rodrigues (terna, luterana). Reside atualmente em Porto Alegre

terça-feira, 9 de maio de 2017

PEDRAS ROLANDO

Eu sempre guardei um pedaço da adolescência. Uma parte é embarque.  Por dentro  geada. Nos anos 1960, porque filho de comunista tinha de passar fome,  lembro  de comer algum  peixe com farinha mexida. O pão eu dava pras tartarugas. Mas havia sonhos. Compensavam a tarde. A utopia era filha das pedras e da lagoa. Tudo visto do meu quintal... O horizonte fluía  feito  universo e  porta. Não tem como falar de um tempo AGORA. Tem como sentir infinitivo clamor.  Aqui sou leitor do livro das noites. Ele tem dois lados. A metade altruísta é nômade e chama. Uma necessidade existencial. Bem ao certo, quem primeiro chegou: a solidão ou o rascunho do caderno? Eu mesmo, professora. Desde então folhas e folhas mudaram em busca de um cifrado diário. Foi só quando acordei que me vi numa geração. Daí entendi como podia rolar uma pedra. O que crescia era humano por algumas horas. De tanto conter. Deve ser porque é a vez de alguém perguntar. Qual gênero descrevo? Aos dezesseis sempre soube. Aos dezoito  declamava contos. Embora tédio, voava leve na narrativa do poema. Tinha dezenove. Aos vinte fui breve. Cedo ou não, acomodei no fundo da mala a carta de despedida. Parecia tão longe a nova metrópole... Abandonei a estrada, pois trocava sem saber de casa. Acabei parando entre cinzas, um quarto e o neon. Longa a madrugada, não permitia a bonança. As horas de letargia - eis o que os hippies chamavam de uma nova consciência. Comecei a regar a gota que  vivia escondida na  íris da alma. Por incrível o concreto guarda, não seca; aguarda em gelo o despojo. Se chegar a idade, vou decifrar a jornada. E  não poupo advérbios. Um bom sujeito aos vinte e poucos. Tenho tanta saudade. Não sofro mais, perdi a conta. Saberei me manter livre e calmo. Faz tempo saí ileso dos versos para  anônimo dar murros na frente do guarda-voz. Preciso novamente adolescer. Quantas vezes omitia, tantas vezes dizia sequer resenhar a greta das ruas.  O que ora apresento, com a devida permissão, é o estrondo da buzina. Não devo calar se escuto murmúrios invadindo cidades, se na batida do óbvio o carro atropela sensíveis sinais. Antes que berrem: olha a bolsa e o capital, olha o bolso na capital - escrevo para preservar o lítio da  lucidez. Lento e zen falo de cidadania. Um caminhante assumindo passagem. Esmaguem a cólera. Alguém precisa falar. Há vozes na retina da multidão. E uma umidade  brava no ar...

                    

                                         E.W.R.

                                                         

quarta-feira, 3 de maio de 2017

CONFISSÃO

Por que tanto?
Por que te amo?
Te amo tanto por quê?
Tanto creio contigo...

elmo.