DENTRO DE UM TEXTO FEBRIL
Dedico o meu tempo a ti.
Vibra sentido, é pele...
Giramos futuro
Tão bom o presente...
Foi bonito ouvir
Dos teus lábios ardentes
Dos teus olhos febris
Entre o fogo e o desejo
Um te amo tão norte...
Pulsava a palavra
Além dos limites
Extasiado fiquei.
Não uso retórica: eu me entrego
É inconsequente amar...
Amor quando cresce, desfaz
Descompassa a memória
Das razões a paixão.
É consequente amar?
É verbal a paixão?
Por que explicar?
Combinamos descomplicar
Se me fazes feliz
Se te sinto feliz
Ponto.
O sabiá-laranjeira nos acorda
Cantando e olhando -
Lá fora é só lua!
É tão nossa a presença
É tão nosso o abraço
E quão forte o querer.
Consequência ou razão?
Um te amo tão forte.
Elmo Wyse Rodrigues
Elmo Wyse Rodrigues: poeta e escritor. Nos anos 1970, enquanto jovem, teve duas crônicas suas publicadas na antiga revista Geração Pop. Autor do livro FUGA Nº3. Foi homenageado pela "Confraria Barão D'Itararé" - entidade poética de Rio Grande. Eterno aluno da Contracultura e do Existencialismo. O novo livro de poesias e prosas poéticas, NOTURNO VERBAL, já foi lançado. É integrante da banda “Corsários do Parque”. Maiores informações a respeito dos seus livros: assessorianoturnoverbal@gmail.com.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
MENINA TRISTE
O que tens,
Menina de olhos tristes?
Por vezes
Pareces tão próxima, tão meiga
Por vezes
A imensidão do horizonte
É a tua morada.
O que tens,
Menina de olhos tristes?
Deixa eu beber a tua melancolia
Deixa eu molhar a tua boca
Quem sabe assim...
O que tens,
Menina de olhos tristes?
Eu só quero te afagar
Nada mais prometer
Jamais desencontrar.
Foram densas nuvens
Um prematuro temporal
É recomeçar a namorar
Podes derramar a tua retina
Enquanto entoamos as mãos.
O que tens,
Menina triste?
Mais vontade eu tenho
De te amar...
E.W.R.
O que tens,
Menina de olhos tristes?
Por vezes
Pareces tão próxima, tão meiga
Por vezes
A imensidão do horizonte
É a tua morada.
O que tens,
Menina de olhos tristes?
Deixa eu beber a tua melancolia
Deixa eu molhar a tua boca
Quem sabe assim...
O que tens,
Menina de olhos tristes?
Eu só quero te afagar
Nada mais prometer
Jamais desencontrar.
Foram densas nuvens
Um prematuro temporal
É recomeçar a namorar
Podes derramar a tua retina
Enquanto entoamos as mãos.
O que tens,
Menina triste?
Mais vontade eu tenho
De te amar...
E.W.R.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
domingo, 30 de novembro de 2014
O VERNIZ DA MODERNIDADE
Abraço o amanhã
por entre becos, ravinas,
arlequins.
Cortei os pulsos da modernidade.
Não serei subterfúgio
ou escarro da posteridade.
Não serei combustível
de impostores, profetas ensandecidos.
Abraço o amanhã
nos grafites, jornais,
folhetins.
Degustei a agonia desta geração.
O anonimato me espera.
A inquietude me redime.
Crepúsculos não haverão. Antes marulhar,
depois fenecer.
Abraço o amanhã
pelas janelas, telhados,
jardins.
Preparei um ofício rameiro.
O verniz da mediocracia
não me seduzirá.
Abraço o amanhã
em manifestos, assembleias,
boletins.
Não serei crepúsculo da posteridade.
Degustei os becos da modernidade.
O anonimato me engessa.
A inquietude me espera.
E.W.R.
Este poema foi publicado no livro Fuga nº3.
Abraço o amanhã
por entre becos, ravinas,
arlequins.
Cortei os pulsos da modernidade.
Não serei subterfúgio
ou escarro da posteridade.
Não serei combustível
de impostores, profetas ensandecidos.
Abraço o amanhã
nos grafites, jornais,
folhetins.
Degustei a agonia desta geração.
O anonimato me espera.
A inquietude me redime.
Crepúsculos não haverão. Antes marulhar,
depois fenecer.
Abraço o amanhã
pelas janelas, telhados,
jardins.
Preparei um ofício rameiro.
O verniz da mediocracia
não me seduzirá.
Abraço o amanhã
em manifestos, assembleias,
boletins.
Não serei crepúsculo da posteridade.
Degustei os becos da modernidade.
O anonimato me engessa.
A inquietude me espera.
E.W.R.
Este poema foi publicado no livro Fuga nº3.
domingo, 23 de novembro de 2014
ELEGIA AO INOCENTE SÍRIO
Desventurado arcanjo que tão cedo na vida
Vergastou-lhe as pálpebras a umidade da terra
[indócil].
Tombaste enquanto os lumes entrecruzavam
Os céus de Damasco arrebatando tuas quimeras
[infantes].
Descorados pela frialdade neurotóxica do instante
Teus lábios aturdiram o horizonte. Já não és,
Enquanto a carne putrescente colore o éter que ascende.
Homens vis que, entre a amônia e a trincheira,
Não compreendem que, ante a existência, todas
As ideias são funestos vazios.
Leonardo Rodrigues Gaubert
+ Leonardo Rodrigues Gaubert é poeta, advogado, compositor e integrante da banda Corsários do Parque.
Desventurado arcanjo que tão cedo na vida
Vergastou-lhe as pálpebras a umidade da terra
[indócil].
Tombaste enquanto os lumes entrecruzavam
Os céus de Damasco arrebatando tuas quimeras
[infantes].
Descorados pela frialdade neurotóxica do instante
Teus lábios aturdiram o horizonte. Já não és,
Enquanto a carne putrescente colore o éter que ascende.
Homens vis que, entre a amônia e a trincheira,
Não compreendem que, ante a existência, todas
As ideias são funestos vazios.
Leonardo Rodrigues Gaubert
+ Leonardo Rodrigues Gaubert é poeta, advogado, compositor e integrante da banda Corsários do Parque.
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
DIÁRIO DA MADRUGADA
(Ou de como virar um insone metropolitano.)
Dorme, Porto Alegre
Não consigo dormir
Ousei sem destino sair
Por toda a noite era silêncio
O silêncio de um passeio público
Madrugava um lirado neon.
Dorme, Porto Alegre
Não consigo dormir
Me confundo na tua veia
Na escuridão irradias
O que penso encontrar
É tanto despertar...!
De alegria ou melancolia
Adormecerás, por certo
Mas como acordar...Como?
Sem as notícias da madrugada
Sem as teclas dos internautas
Sem os acordes dos violonistas
Sem o espanto dos poetas
Sem o gemido dos amantes?
E.W.R.
(Ou de como virar um insone metropolitano.)
Dorme, Porto Alegre
Não consigo dormir
Ousei sem destino sair
Por toda a noite era silêncio
O silêncio de um passeio público
Madrugava um lirado neon.
Dorme, Porto Alegre
Não consigo dormir
Me confundo na tua veia
Na escuridão irradias
O que penso encontrar
É tanto despertar...!
De alegria ou melancolia
Adormecerás, por certo
Mas como acordar...Como?
Sem as notícias da madrugada
Sem as teclas dos internautas
Sem os acordes dos violonistas
Sem o espanto dos poetas
Sem o gemido dos amantes?
E.W.R.
terça-feira, 18 de novembro de 2014
O MELHOR FEITO POR NÓS
COMO QUEM DESAPRENDE
Sem tolerância ou benevolência
não geramos uma criatura.
Carimbamos a troca
como quem desaprende.
Sociedade calada, no apito, no grito
corre um risco e lesa,
fechando-se em castas,
excluindo homens de rua, mendigos ou não;
isolando homens prementes. Casas olhando ninguém.
Um grupo aclamado será social
quando medra viventes
e jamais se apropria de gente, nem ocupa um espaço,
- não é o seu carnaval.
Igualdade e temperança:
deverá ser narrado um livro
de velhos e novos caminhos,
sem farsantes telhados da hipocrisia,
sem objetos explodindo no ar;
um verdadeiro semblante, é humano,
- o melhor feito por nós.
Elmo Wyse Rodrigues
Sem tolerância ou benevolência
não geramos uma criatura.
Carimbamos a troca
como quem desaprende.
Sociedade calada, no apito, no grito
corre um risco e lesa,
fechando-se em castas,
excluindo homens de rua, mendigos ou não;
isolando homens prementes. Casas olhando ninguém.
Um grupo aclamado será social
quando medra viventes
e jamais se apropria de gente, nem ocupa um espaço,
- não é o seu carnaval.
Igualdade e temperança:
deverá ser narrado um livro
de velhos e novos caminhos,
sem farsantes telhados da hipocrisia,
sem objetos explodindo no ar;
um verdadeiro semblante, é humano,
- o melhor feito por nós.
Elmo Wyse Rodrigues
quinta-feira, 13 de novembro de 2014
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
O GOSTO AMARGO DE SEGUNDA-FEIRA
AS NOITES CALMAS
OS DIAS LEVES
MANHÃS BRANCAS
TARDES SUAVES
SEM O BRILHO
DA TUA PRESENÇA
MINHA ALMA FAZ GREVE,
GREVE SIM
O CANTO GRAVE DOS PÁSSAROS
SUAVE E LEVE
COMO O MEU SONHO DE ÍCARO
TRAZ O PERFUME DA TUA PELE
NO TIC-TAC DAS HORAS BREVES
O TEMPO PASSA
NAS RODAS DOS CARROS
NA FUMAÇA DAS FÁBRICAS
E CIGARROS
NO OLHAR DO VELHO NA PRAÇA
ENTRE LEMBRANÇAS
E PIGARROS
NA FÁBULA DA FORMIGA
E DA CIGARRA
TUA MÃO AMIGA
QUE AGARRA A ESPERANÇA
E AO TEMPO NÃO DÁ TRÉGUAS
A DISTÂNCIA DESSAS LÉGUAS
ACELERA A SAUDADE
DO PENSAMENTO QUE NAVEGA
NÃO VEJO O SOL DA PRIMAVERA
NÃO VEJO O BRILHO
DO FAROL DA COSTEIRA
SÓ ME RESTA ESTE OLHAR
MORTO DE SOLIDÃO
E NO PEITO O GOSTO
AMARGO DE SEGUNDA-FEIRA
E NO LENÇO O GOSTO
AMARGO DE SEGUNDA-FEIRA
AS NOITES CALMAS
OS DIAS LEVES
MANHÃS BRANCAS
TARDES SUAVES
SEM O BRILHO
DA TUA PRESENÇA
MINHA ALMA FAZ GREVE,
GREVE SIM
O CANTO GRAVE DOS PÁSSAROS
SUAVE E LEVE
COMO O MEU SONHO DE ÍCARO
TRAZ O PERFUME DA TUA PELE
NO TIC-TAC DAS HORAS BREVES
O TEMPO PASSA
NAS RODAS DOS CARROS
NA FUMAÇA DAS FÁBRICAS
E CIGARROS
NO OLHAR DO VELHO NA PRAÇA
ENTRE LEMBRANÇAS
E PIGARROS
NA FÁBULA DA FORMIGA
E DA CIGARRA
TUA MÃO AMIGA
QUE AGARRA A ESPERANÇA
E AO TEMPO NÃO DÁ TRÉGUAS
A DISTÂNCIA DESSAS LÉGUAS
ACELERA A SAUDADE
DO PENSAMENTO QUE NAVEGA
NÃO VEJO O SOL DA PRIMAVERA
NÃO VEJO O BRILHO
DO FAROL DA COSTEIRA
SÓ ME RESTA ESTE OLHAR
MORTO DE SOLIDÃO
E NO PEITO O GOSTO
AMARGO DE SEGUNDA-FEIRA
E NO LENÇO O GOSTO
AMARGO DE SEGUNDA-FEIRA
Antonio Carlos de Oliveira: poeta, escritor, ativista político, um dos fundadores da banda Corsários do Parque.
Exatamente numa segunda-feira de 2012 viria a falecer o Carlinhos. Hoje completaria 57 anos, como bem lembrou a+Lilia Wyse.
Exatamente numa segunda-feira de 2012 viria a falecer o Carlinhos. Hoje completaria 57 anos, como bem lembrou a
sexta-feira, 7 de novembro de 2014
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
CONTEXTURA Y CARINHO
CONTEXTURA & CARINHO
De que pele é feita
a bela morena
que não posso tocar?
Qual o beijo perfeito
que permite pulsar
a sua emoção?
Com que cor veste
os olhos
a bela morena,
que desnuda meu peito,
inerte de amor?
O que posso cantar,
qual o som da palavra
que abre a frequência
da sua atenção?
Como é feita a essência
daquela morena,
que seduz meus sentidos,
perfuma e explica
a minha atração?
E.W.R.
De que pele é feita
a bela morena
que não posso tocar?
Qual o beijo perfeito
que permite pulsar
a sua emoção?
Com que cor veste
os olhos
a bela morena,
que desnuda meu peito,
inerte de amor?
O que posso cantar,
qual o som da palavra
que abre a frequência
da sua atenção?
Como é feita a essência
daquela morena,
que seduz meus sentidos,
perfuma e explica
a minha atração?
E.W.R.
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
quinta-feira, 18 de setembro de 2014
sábado, 13 de setembro de 2014
OBJETO LITERÁRIO
Dia nublado.
Nunca sei o que fazer.
Tem que acontecer,
Já dizia Sérgio Sampaio.
Não consigo lembrar
O dia exato,
Algo explodiu,
E me fez nas vitrines
Expor as mazelas
Que no baú da adolescência
Meticulosamente guardei.
Tem que acontecer,
Não importa a dor.
Duas possibilidades
Quando alguém escreve para si:
Insegurança ou timidez.
Bati de frente sensato.
Embora a literatura, tão só,
Não salve ninguém,
Muito menos o nada,
Como o Sartre esclarecia -,
Não preciso crescer em messias
Para entender
A inserção entre o universo,
A mente e o objeto.
E.W.R.
Dia nublado.
Nunca sei o que fazer.
Tem que acontecer,
Já dizia Sérgio Sampaio.
Não consigo lembrar
O dia exato,
Algo explodiu,
E me fez nas vitrines
Expor as mazelas
Que no baú da adolescência
Meticulosamente guardei.
Tem que acontecer,
Não importa a dor.
Duas possibilidades
Quando alguém escreve para si:
Insegurança ou timidez.
Bati de frente sensato.
Embora a literatura, tão só,
Não salve ninguém,
Muito menos o nada,
Como o Sartre esclarecia -,
Não preciso crescer em messias
Para entender
A inserção entre o universo,
A mente e o objeto.
E.W.R.
quinta-feira, 4 de setembro de 2014
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
terça-feira, 19 de agosto de 2014
sábado, 9 de agosto de 2014
QUARENTA POEMAS
Perdi quarenta poemas. Ganhei oitenta dilemas. Senhor barman, por favor, mande notícias. Não importa como. Ou quando. Estou sofrendo. Ah, o sofrimento, coisa de ocidentais, all right. Mas me devolva os papéis narrados, embrulhados em sonhos soltos. Gratifico. Vil moeda burguesa.
Perdi quatrocentos fonemas. Dramas pintados em vão. Não mais consegui recitar, escrever, datar, esmurrar e gritar. Senhor barman, entenda, junto à ideia foi a alma, com o caderno a sobrevivência, entre os relatos a verve.
Não perdi o casaco de mandarim, o diploma de bacharel, a autoridade de executivo.
Perdi quarenta temas. Mas, enfim, ganhei, confesso, três pontes: tristeza, angústia e safena.
E.W.R.
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
terça-feira, 29 de julho de 2014
O NADA PODE SER...!
De hoje em diante nada e para ninguém direi para sempre. Nem para o nunca mais direi para sempre. O para sempre não é para sempre. Para sempre é um momento que eternizo... Sem continuidade. Para sempre prometo não mais para sempre. Substituirei por o agora, só por agora serei assim... farei isso...sentirei isto...Para sempre, só por agora...! Viverei isso e assim antes que o fim se acabe...Para sempre! Não sei de onde vim e nem para onde vou. Não sei se volto de onde vim. Não sei quem sou e o que sou. O único que sei é que nada é para sempre. O nada pode ser...!
Luzia 2014/07/27
Cristina Luzia Fontes: uma poeta gaúcha que hoje está radicada em Florianópolis.
De hoje em diante nada e para ninguém direi para sempre. Nem para o nunca mais direi para sempre. O para sempre não é para sempre. Para sempre é um momento que eternizo... Sem continuidade. Para sempre prometo não mais para sempre. Substituirei por o agora, só por agora serei assim... farei isso...sentirei isto...Para sempre, só por agora...! Viverei isso e assim antes que o fim se acabe...Para sempre! Não sei de onde vim e nem para onde vou. Não sei se volto de onde vim. Não sei quem sou e o que sou. O único que sei é que nada é para sempre. O nada pode ser...!
Luzia 2014/07/27
Cristina Luzia Fontes: uma poeta gaúcha que hoje está radicada em Florianópolis.
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domingo, 27 de julho de 2014
sexta-feira, 25 de julho de 2014
sexta-feira, 11 de julho de 2014
sexta-feira, 4 de julho de 2014
"Ninguém canta como eu a palavra 'fome" ou a palavra 'amor'. Sem dúvida porque eu sei o que há por trás destas palavras."
Billie Holiday
Billie Holiday
sábado, 28 de junho de 2014
Deitava o mar sobre as pedras o seu pesar
Antecipando a frágil despedida na ressaca
Ardente de nossos lábios.
Sobre a terra ondeava a leniência do mundo
Ancorando conformada à presciência do amor;
Como o crepitar das ondas que derriba
O eterno sonho da espuma.
Nem mesmo tua alvura deteve o tropel da noite escura
Envolvendo em brumas o fulgor do farol distante.
Resignada, apressastes o passo, apurastes o gosto
E, sob o meu desgosto, tatearam o doce suor de tua fronte
Desdenhando o sacrifício antropofágico de tua inocência.
Na pressurosa palpitação do outono, decaímos.
Entrementes, sob o pálio estrelado da noite,
Era tempo em que todo o mar era o verde-mar de teus olhos
Na convulsão das linhas fugidias do horizonte.
Regressastes, convolando as monções
No orvalho da manhã desperta
Como a renitente lamparina que, lançada às águas,
Retorna descerrando os temores da partida.
E, ao suspiro da terra, pressagiando tua presença
Pressenti as minudências sinuosas de tua pele
Sob a nossa sombra insinuante;
Os sinais que carregas como um baluarte do destino;
As pálpebras onde, ternamente, abrigavas o bálsamo
[da espera fatigada].
Na antessala do reencontro, ambos, entreabrimos o relicário.
Poema 2
Ó, tempo inclemente, não permitas eu morra
[enquanto és].
Se não pelos verdes campos que vicejam,
No êxtase da estação, pela ária fremente
Dos amantes que arrebata a noite indolente;
Pelas paisagens que a friagem esculpe;
Pelo som gutural da onda que lamenta
O não-movimento dos arrecifes; pelo rio
Que caudalosamente passa, alheio à erosão
[da margem];
Pela arte que verseja; pelos seixos ocultistas;
Pelas folhas que balouçam pela umidade da
[terra];
Pelas paragens onde trina a morte - viúva voraz -
Ignorando o majestoso monumento que erige
O homem ao alentar a natureza morta.
LEONARDO RODRIGUES GAUBERT
Leonardo Rodrigues Gaubert é poeta, advogado, compositor e integrante da banda de blues e rock CORSÁRIOS DO PARQUE.
Antecipando a frágil despedida na ressaca
Ardente de nossos lábios.
Sobre a terra ondeava a leniência do mundo
Ancorando conformada à presciência do amor;
Como o crepitar das ondas que derriba
O eterno sonho da espuma.
Nem mesmo tua alvura deteve o tropel da noite escura
Envolvendo em brumas o fulgor do farol distante.
Resignada, apressastes o passo, apurastes o gosto
E, sob o meu desgosto, tatearam o doce suor de tua fronte
Desdenhando o sacrifício antropofágico de tua inocência.
Na pressurosa palpitação do outono, decaímos.
Entrementes, sob o pálio estrelado da noite,
Era tempo em que todo o mar era o verde-mar de teus olhos
Na convulsão das linhas fugidias do horizonte.
Regressastes, convolando as monções
No orvalho da manhã desperta
Como a renitente lamparina que, lançada às águas,
Retorna descerrando os temores da partida.
E, ao suspiro da terra, pressagiando tua presença
Pressenti as minudências sinuosas de tua pele
Sob a nossa sombra insinuante;
Os sinais que carregas como um baluarte do destino;
As pálpebras onde, ternamente, abrigavas o bálsamo
[da espera fatigada].
Na antessala do reencontro, ambos, entreabrimos o relicário.
Poema 2
Ó, tempo inclemente, não permitas eu morra
[enquanto és].
Se não pelos verdes campos que vicejam,
No êxtase da estação, pela ária fremente
Dos amantes que arrebata a noite indolente;
Pelas paisagens que a friagem esculpe;
Pelo som gutural da onda que lamenta
O não-movimento dos arrecifes; pelo rio
Que caudalosamente passa, alheio à erosão
[da margem];
Pela arte que verseja; pelos seixos ocultistas;
Pelas folhas que balouçam pela umidade da
[terra];
Pelas paragens onde trina a morte - viúva voraz -
Ignorando o majestoso monumento que erige
O homem ao alentar a natureza morta.
LEONARDO RODRIGUES GAUBERT
Leonardo Rodrigues Gaubert é poeta, advogado, compositor e integrante da banda de blues e rock CORSÁRIOS DO PARQUE.
Ó, tempo inclemente, não permitas eu morra
[enquanto és].
Se não pelos verdes campos que vicejam,
No êxtase da estação, pela ária fremente
Dos amantes que arrebata a noite indolente;
Pelas paisagens que a friagem esculpe;
Pelo som gutural da onda que lamenta
O não-movimento dos arrecifes; pelo rio
Que caudalosamente passa, alheio à erosão
[da margem];
Pela arte que verseja; pelos seixos ocultistas;
Pelas folhas que balouçam pela umidade da
[terra];
Pelas paragens onde trina a morte - viúva voraz -
Ignorando o majestoso monumento que erige
O homem ao alentar a natureza morta.
LEONARDO RODRIGUES GAUBERT
Leonardo Rodrigues Gaubert é poeta, advogado, compositor e integrante da banda de blues e rock CORSÁRIOS DO PARQUE.
[enquanto és].
Se não pelos verdes campos que vicejam,
No êxtase da estação, pela ária fremente
Dos amantes que arrebata a noite indolente;
Pelas paisagens que a friagem esculpe;
Pelo som gutural da onda que lamenta
O não-movimento dos arrecifes; pelo rio
Que caudalosamente passa, alheio à erosão
[da margem];
Pela arte que verseja; pelos seixos ocultistas;
Pelas folhas que balouçam pela umidade da
[terra];
Pelas paragens onde trina a morte - viúva voraz -
Ignorando o majestoso monumento que erige
O homem ao alentar a natureza morta.
LEONARDO RODRIGUES GAUBERT
Leonardo Rodrigues Gaubert é poeta, advogado, compositor e integrante da banda de blues e rock CORSÁRIOS DO PARQUE.
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domingo, 22 de junho de 2014
segunda-feira, 16 de junho de 2014
sexta-feira, 13 de junho de 2014
MANA
É preciso, mana, dizer sim à vida.
Mesmo se esta ora é adversa,
se é objeto de nossos conflitos.
Da dor provém a agonia.
O sofrimento implica lágrimas e recolhimento.
Ao mesmo tempo nossa narrativa
comporta páginas plangentes,
sem nos danificar.
Um dia sem preâmbulos;
Um dia por inteiro irromperá a melodia.
É preciso, mana, dizer sim à vida.
Nada está desfeito.
São só folhas que caíram
de um diário desmedido.
A porção em pedras
que temos em nossas mãos
apenas noticia:
cultuamos o coração e a emoção.
Deixa, mana.
O arrivismo nunca nos interessou!
O ciclo histórico não nos é favorável,
eu sei. Tenho, contudo, uma certeza
no peito: a bonança só chega
a quem navega
e mantém o prumo na procela.
Elmo Wyse Rodrigues
É preciso, mana, dizer sim à vida.
Mesmo se esta ora é adversa,
se é objeto de nossos conflitos.
Da dor provém a agonia.
O sofrimento implica lágrimas e recolhimento.
Ao mesmo tempo nossa narrativa
comporta páginas plangentes,
sem nos danificar.
Um dia sem preâmbulos;
Um dia por inteiro irromperá a melodia.
É preciso, mana, dizer sim à vida.
Nada está desfeito.
São só folhas que caíram
de um diário desmedido.
A porção em pedras
que temos em nossas mãos
apenas noticia:
cultuamos o coração e a emoção.
Deixa, mana.
O arrivismo nunca nos interessou!
O ciclo histórico não nos é favorável,
eu sei. Tenho, contudo, uma certeza
no peito: a bonança só chega
a quem navega
e mantém o prumo na procela.
Elmo Wyse Rodrigues
terça-feira, 10 de junho de 2014
DA POESIA
Eu sempre gosto de falar, e faz anos, que poesia, na minha opinião, não é autobiografia. Ela se torna interessante quando mistura realidade e criação artística, na medida certa, que, claro, depende do tipo de poema. O que escrevo geralmente tem 50% de ficção. Até para trabalhar melhor os símbolos, as justaposições. Não podemos esquecer que o alimento predileto dos poetas é a utopia.
Elmo Wyse Rodrigues
domingo, 8 de junho de 2014
sábado, 7 de junho de 2014
quinta-feira, 5 de junho de 2014
TRANSGREDIR
Não fosse
essa dor inexplicável
que transborda o peito,
o que seria do poeta?
Não fosse
essa melancolia
acometendo o coração;
a insatisfação por esse
script premeditado,
o que seria do cantor?
Não fosse
o inconformismo
rasgando as veias;
a angústia desse cotidiano
pasteurizado,
o que seria do filósofo?
Não fosse
essa jornada pária
que dá um sinal de alerta
todo dia, toda rua,
o que seria de nós?
E.W.R
Mais uma do livro FUGA Nº3 (com o acréscimo da última estrofe).
Não fosse
essa dor inexplicável
que transborda o peito,
o que seria do poeta?
Não fosse
essa melancolia
acometendo o coração;
a insatisfação por esse
script premeditado,
o que seria do cantor?
Não fosse
o inconformismo
rasgando as veias;
a angústia desse cotidiano
pasteurizado,
o que seria do filósofo?
Não fosse
essa jornada pária
que dá um sinal de alerta
todo dia, toda rua,
o que seria de nós?
E.W.R
Mais uma do livro FUGA Nº3 (com o acréscimo da última estrofe).
quarta-feira, 28 de maio de 2014
A LÂMINA DO TEMPO
Pelos quintais do mundo
Com as vestes de outono
Andei todo esse tempo.
Sangrei pelo flagelo
Torturas e grilhões.
Esbarrei na engrenagem
Nos ferrolhos desse país.
Ao ver tantos ciprestes
Renasci amargo e triste
Entre fardos e exílios.
No entanto chega outubro
Taciturno afio o dia.
A cortiça pode quebrar
O palanque é de madeira
A fome é de fornalha
Fogo & madeira...
Elmo Wyse Rodrigues
O poema foi publicado no livro FUGA Nº3. Depois, foi acrescentado o último verso. Virou música, mais precisamente uma valsa, com a colaboração do Marco e do Cristiano.
Pelos quintais do mundo
Com as vestes de outono
Andei todo esse tempo.
Sangrei pelo flagelo
Torturas e grilhões.
Esbarrei na engrenagem
Nos ferrolhos desse país.
Ao ver tantos ciprestes
Renasci amargo e triste
Entre fardos e exílios.
No entanto chega outubro
Taciturno afio o dia.
A cortiça pode quebrar
O palanque é de madeira
A fome é de fornalha
Fogo & madeira...
Elmo Wyse Rodrigues
O poema foi publicado no livro FUGA Nº3. Depois, foi acrescentado o último verso. Virou música, mais precisamente uma valsa, com a colaboração do Marco e do Cristiano.
Foto do jornalista Vladimir Herzog. Enforcado. O seu corpo apareceu assim, sem explicação, durante o regime onde não havia liberdade nem democracia.
terça-feira, 27 de maio de 2014
domingo, 25 de maio de 2014
sexta-feira, 23 de maio de 2014
DE UM TRAMPOLIM
As migalhas não quero.
Um porto desperto
Quando invadem as águas
E a maresia.
Não brotam janelas
Quando o pouco me resta.
A fresta, resíduo, enfim.
E o louco que canta
À beira da noite
Vigia a lua, é um querubim.
É mister a vigília:
O equilíbrio é a queda
De um trampolim.
Muito obrigado, amigo:
Não visto mortalhas, só força motriz.
O meu desatino
É buscar ser feliz.
Elmo Wyse Rodrigues
As migalhas não quero.
Um porto desperto
Quando invadem as águas
E a maresia.
Não brotam janelas
Quando o pouco me resta.
A fresta, resíduo, enfim.
E o louco que canta
À beira da noite
Vigia a lua, é um querubim.
É mister a vigília:
O equilíbrio é a queda
De um trampolim.
Muito obrigado, amigo:
Não visto mortalhas, só força motriz.
O meu desatino
É buscar ser feliz.
Elmo Wyse Rodrigues
sábado, 17 de maio de 2014
segunda-feira, 12 de maio de 2014
sexta-feira, 9 de maio de 2014
MATILHA
Pensas
que minha poética
agride;
Que meu discurso
é puro
dogma;
Que sou
tão somente
panfleto;
Que estou
ferindo o
status quo;
Que o evangelho
ofender-se-á
com esta oração.
Se há algo radical
não está
no meu texto.
Outra coisa:
(quase me esqueço)
Quando saíres do Castelo,
tem cuidado.
A matilha ultimamente
anda com muita fome...
Elmo Wyse Rodrigues
Pensas
que minha poética
agride;
Que meu discurso
é puro
dogma;
Que sou
tão somente
panfleto;
Que estou
ferindo o
status quo;
Que o evangelho
ofender-se-á
com esta oração.
Se há algo radical
não está
no meu texto.
Outra coisa:
(quase me esqueço)
Quando saíres do Castelo,
tem cuidado.
A matilha ultimamente
anda com muita fome...
Elmo Wyse Rodrigues
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