quarta-feira, 28 de maio de 2014

A LÂMINA DO TEMPO



Pelos quintais do mundo
Com as vestes de outono
Andei todo esse tempo.

Sangrei pelo flagelo
Torturas e grilhões.

Esbarrei na engrenagem
Nos ferrolhos desse país.

Ao ver tantos ciprestes
Renasci amargo e triste
Entre fardos e exílios.

No entanto chega outubro
Taciturno afio o dia.

A cortiça pode quebrar
O palanque é de madeira
A fome é de fornalha
Fogo & madeira...


Elmo Wyse Rodrigues

O poema foi publicado no livro FUGA Nº3. Depois, foi acrescentado o último verso. Virou música, mais precisamente uma valsa, com a colaboração do Marco e do Cristiano.

Foto do jornalista Vladimir Herzog. Enforcado. O seu corpo apareceu assim, sem explicação, durante o regime onde não havia liberdade nem democracia.



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