terça-feira, 22 de setembro de 2015


DÉJÀ VU

Devo lhes dizer. Ao virarem a página, deixem-me improvável. Admito desaparecer. Andei perguntando a um amigo se eu era  um antissocial. Com  a contumaz ironia, na pausa falou: és um sujeito fechado. Encarei o elogio. O padrão anormal da sociedade nunca me seduziu. Toda semana recebo versos da minha alma. Eles tratam da existência, e como sobreviver. Todo  final de semana abro o diário para encontrar os sinais que alinhavam meus braços. Apreendi na escola. Só devorava gramática. Não conseguia somar matemática. Foi assim e entendi. O meu pai na  infância lia para a sua família álgebra, acreditando que era literatura. Acaso ou coincidência, acabou calculando com rapidez. Remendei  o destino como mestre de obras. Necessidade  de ser criatura. Dias ácidos. Tijolo por tijolo. Um dia após virar cimento. Encaminho o que sobrou.
Devo lhes dizer. Um novo  caminho pede e urge passagem. É o quinto sonho. Acorda bocejando projetos, ouvindo o significante bradar criações. Certa feita um psicanalista famoso conceituou: o esboço poético vaza do subconsciente. O racional aporta depois. Certamente é preciso maquete antes de ser estação. O déjà vu lembra um indício.Tudo parece repetido ou dito. Fibra e  muito movimento. Nada mais a escalar. A primeira lição. Remanescer na escadaria da memória. É hora de tomar o café da manhã ontem.

E.W.R.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

DA PAIXÃO
 
Quero sonhar teus sonhos
Ousar teus lábios
Quero amanhecer em ti
Tingir a tua emoção
Tenho fome da nossa paixão
Tenho sede dos nossos corpos.

E.W.R.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

                                        " Tudo pode ser tirado de uma pessoa, exceto uma coisa: a liberdade                                                 de  escolher sua atitude em qualquer circunstância da vida."

                                                                Victor Frankl

                  

Tanto Nietzsche como Freud, Heidegger ou Sartre trataram exclusivamente da existência. No entanto,  me volto ao existencialismo - Kierkegaard, Heidegger, Viktor Frankl, Sartre -  por acreditar que nós próprios nos escolhemos. O Para-si ( Dasein) se faz, no meu entendimento, a partir de um fundamento hedonista. Para a compreensão da liberdade do Para-si é essencial o entendimento da facticidade. A facticidade é o coeficiente de adversidade intrínseco a cada escolha, a cada projeto. O Para-si é livre para escolher, mas cada escolha apresenta um específico grau de resistência da realidade. Podemos ter diferentes interpretações e posturas diante de um mesmo fato. Não somos fixos, determinados. Temos que nos reinventar a cada dia. Isso é um otimismo. Um mesmo fato que no passado nos abateu pode ser, caso ocorra novamente, reinterpretado, para termos a oportunidade de  vivenciar uma conduta diferente. Autenticidade, em Sartre, é escolher-se do modo que se quer ser, é não "ser o que se é", o que significaria um determinismo. Se o Para-si é liberdade - essa liberdade é de fundamento ontológico. 

                                      M.R.

 

O autor deste texto é colaborador do blog Olhar Poético.