terça-feira, 28 de abril de 2015

CORAÇÃO EM DESPEDIDA


Bebi na concha das tuas mãos
As lágrimas dos teus olhos, morena.
Como quem sorve uma nascente
Saciando a sede do poema.

Assim nasceu um pôr do sol
Em forma de coração.
E a primavera deitou raízes
Tornando um tempo uma razão.

Parti...E a chuva
Apagou os meus rastros.
Na areia o vento, o sopro, o mar.

Parti...E a lua
Desfez  o passado.
Somos viagem, um plano no ar.

(Cristiano de Oliveira / Antonio Carlos de Oliveira / Elmo Wyse Rodrigues)


Gosto bastante desta música do Cristiano. O Carlinhos apareceu com alguns versos  insólitos e profundos.
Lembro de ter incluído a palavra "morena". Depois, por entendermos que ficaria completa a melodia, acrescentei as duas últimas estrofes. "Um plano no ar" surgiu porque  lembrei que o Cristiano era, na época, piloto de avião. Arranjos, como sempre, coletivos, dos Corsários.

sábado, 18 de abril de 2015

Nas palavras de Freud, enquanto o Eu-de-prazer não pode senão desejar, obter prazer, o É-de-realidade busca o que é útil e protege-se dos danos.
Nos meus estudos sobre o Existencialismo, concordo que toda liberdade é em situação, e que a própria liberdade projeta os limites da liberdade, ou seja, dependendo do que o Para-si escolher, haverá um específico coeficiente de adversidade.
Essa liberdade é essencialmente Hedonista - fazemos a avaliação das quantidades de prazer e desprazer de cada possibilidade-de-ser.
O prazer é o primeiro e inato bem, sentido e significado da existência, assim como o seu contraposto - a dor. A dor também preenche a existência de significado e sentido. Não é possível a existência de uma sem a outra - pois o contraste é que define o prazer e a dor.
Concordo com Sartre e Heidegger de que o Para-si (o Dasein) pode estritamente contar com a própria ação, com si próprio, seu projeto.
 
M.R.
 
M.R. é um amigo de longa data. Aceitou, gentilmente, enviar alguns textos para o blog Olhar Poético.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

UM CONCEITO A DOIS



A concepção
quando te calas múltipla
é a mesma,           
pois não me deixas verbalizar
uma única vez.                              

E.W.R.

domingo, 12 de abril de 2015

quinta-feira, 9 de abril de 2015

OLHANDO A CIDADE SE FANTASIAR


Eu  tenho um tempo precoce
Na incerta inserção social

Despojado militante da arte
Devo conferir, até os dentes
A força da lira e do coração

Comportamento, ideal e febril
Cresci de frente pra urbanidade
Olhando a cidade se fantasiar

Não precisa me jogar as cartas
Entrei mediato no teu universo
Gostei da leitura do teu mapa

Devolvo as moedas de troca
Camiseta, jeans, sapato de lona
Aprecio com moderação a sedução
Acredito na possibilidade do amor

E.W.R.
        

quinta-feira, 2 de abril de 2015

          DE AMOR & DESPEDIDA



Deixei em digitais
o braço deste poema.
E como sofri!
Queda um pulso ferido.
Lutei contra
o meu próprio texto.
Que não saia uma carta
de amor & despedida.
O meu peito não resiste
a um luto indomável
a um corte latino-americano.
Ah, perenal melancolia
afasta das minhas mãos
a tua emoção talhada!
Registrei perante teu véu
impressões cabais de vida.

E.W.R.