AMÉRICA
O que fazer deste mundo
senão sangrar?
As pétalas o cálice
cortaram...
Um grito tribal acorda a vertente.
América chora! Chegou tua hora
A tua mestiça história ninguém
calará!
Outrora cortaram tua língua
Em vários dialetos hoje gritarás.
O que fazer dos Andes
senão sonhar?
Inútil falar da fotografia nevada
Servida em fatias, um doce jantar
Índios rebeldes, domem a Constituição.
América corta galeana as veias
Estanca a fome, a sede dos teus ancestrais
O que faz um homem senão caminhar?
Menina atiça sangrando
E masca serena a igualdade do pão.
América vibra! Teus filhos chegaram
Ao sol se abraçam
Como um livro aberto.
Um ventre parindo.
América explode!
Sem vingança ou ode
Mas vigia as armas
Ou vão te trair...
Elmo Wyse Rodrigues
Eu escrevi este poema quando Rafael Correa e o Evo Morales foram eleitos. O Lula estava no primeiro mandato. A partir do momento que conheci a obra do Eduardo Galeano, entendi que a América é uma só, assim como a exploração, a fome e o sangue dos desvalidos, em nome do grande capital, também são um só.