sábado, 9 de agosto de 2014

QUARENTA POEMAS


Perdi quarenta poemas. Ganhei oitenta dilemas. Senhor barman, por favor, mande notícias. Não importa como. Ou quando. Estou sofrendo. Ah, o sofrimento, coisa de ocidentais, all right. Mas me devolva os papéis narrados, embrulhados em sonhos soltos. Gratifico. Vil moeda burguesa.
Perdi quatrocentos fonemas. Dramas pintados em vão. Não mais consegui recitar, escrever, datar, esmurrar e gritar. Senhor barman, entenda, junto à ideia foi a alma, com o caderno a sobrevivência, entre os relatos a verve.
Não perdi o casaco de mandarim,  o diploma de bacharel, a autoridade de executivo.
Perdi quarenta temas. Mas, enfim, ganhei, confesso, três pontes: tristeza, angústia e safena.


E.W.R.

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