quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Perto de perder o sono, ganhei olhar pela janela. Pássaros e ônibus já disputavam os primeiros ecos difusos do alvorecer. Caminhei até o arroz integral, com sal do Himalaia. Espero ter protegido a receita budista no refrigerador. Quatro horas. Oh, inferno estas batidas do soturno relógio; berram na parede.  Estranho por estranho, coloco um Frank Zappa na vitrola, baixinho. A bela vizinha é médica. Resolvi ficar na cozinha. Local de onde envio-lhes esta inútil carta de dormir. Na mesa de refeições, o segundo livro dos republicanos espanhóis. Franco, cai fora. Estou a poucos metros da pequena varanda. Estou só. Ademais,

cercado de automóveis, vidraças & aviões. A poucos centímetros desta angústia perene. Ela  me queima em turbilhão. Mas disseram que amanhã não verei nuvens, e sim um sol de banheira aquecendo a lucidez. Sussurram luzes na sacada alheia. É permitido voar em calmaria. Tranco-me em suspiros, ao deitar o corpo no sofá da sala de estar.


                      Outubro de 2018

                         E.W.R.

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