ESPELHO & FANTASIA
Não posso me preocupar por que
perguntam se não vou mais poetizar. Quando cantei na canção que não pretendia
escrever, não lia ensaios, pouco sabia de mim. Dar publicidade ao
silêncio. Eis a questão. Lacan foi profundo demais quando publicou a sua
angústia. Ultimamente prescrevo niilismo, logo pareço descrente ou triste vivente. O que gosto
da vida, desinteressa, é banal. Um literato esperam. Assim como eu,
confundem e consomem na mesma mesa um ancestral e a literatura. O apetite está no
licor. Um dia um amigo falou, ao ler um poema: levaste mesmo três tiros? Respondi: muito mais! Na verdade mistifico demais. A arte nasceu da fábula, uma
metáfora, briga de rua: um se dizia fariseu; o outro, diabo. Como eu tinha
muitas vidas sangrando, traduzia dramas. Porque ler ficção entre profetas inebriados, ser druida
na alucinação - essas criaturas já rondavam os burgos da classe média. Nada sei! Estou no meio do fantasma e a fantasia. Se quiserem mesmo
saber, só escrevo na primeira pessoa por desígnio de quem luta e não sabe o
jogo, a técnica de dividir em atos o laudo das escrituras. Há mais de trinta
anos escrevo. Utopia e vontade. Sem pretensão. Esqueçam. Sou apenas um internauta cinza que caminha perto do espelho e senta na cadeira para aplaudir a multidão.
E.W.R.
Meu querido Poeta,
ResponderExcluirobrigada,mais uma vez, por me dar a oportunidade de poder apreciar e viajar no seu imaginário poético. É, realmente,maravilhoso poder degustar por horas, pois ao ler tua prosa poética, fiquei por horas a pensar e refletir sobre tuas palavras. É, claro, que isso só me traz satisfação pessoal,íntima e transcendental. Me considero uma privilegiada(mil desculpas) em poder desfrutar desses momentos de prazer.
Por vezes, me vi imaginando sobre as palavras "Espelho e Fantasia",e lembrei do filósofo alemão Heidegger, que ao escrever o Dasein(o ser em si mesmo),expressou da necessidade de olharmos para o reflexo da nossa imagem no espelho e buscarmos ver a nossa verdadeira essência.Também me transportastes aos poetas que tanto cantaram e representaram o imaginário através de símbolos,linguagens e também fantasia, afinal tudo não passa de representação e imaginação. Rosanne Cordeiro Branco.
Professora, sei dos teus compromissos com a Universidade, mas fica agora registrado o convite para escreveres o prefácio do "Noturno Verbal". Conseguiste decifrar perfeitamente como e por que escrevo. Abraços.
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