sábado, 31 de dezembro de 2016

                    VELHO JUVENIL

Não sou carente. Apenas um existencialista recém-liberto dos guetos de Paris. Nalgum lugar preciso de registro. Chove em mim, inundação. Sobrevivo deserto. Chama e solidão. É minha a tempestade, de mais ninguém. Um dia penso me encontrar. Do alto da colina. Descrevo-me das varandas. Gelo no drinque. Sinto o frio das palavras; silêncio dos que se foram; e de  quem se esvai na neblina. Madrugada, vendo o couvert. Raspo meu último vintém. Paralela manhã, espanto matriz, ressoa vinil. Não me detenho. Novas vertentes. Antevejo um horizonte. Saio do nada para visitar um blues. Juro que estrangulo o sistema! Bebo qualquer náusea que há em mim. Escolho um caminho. Procuro não cair. Sapatos no quarto. Trago de volta pra casa o teu sorriso.

      E.W.R. 

Revisão crítica: Elmo Wyse Rodrigues
Revisão literária: Cristina Fontes

E assim o livro NOTURNO VERBAL encerra as suas páginas.

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