segunda-feira, 21 de março de 2016

                                 NO LIMITE



Andava inquieto e rebelde. Descobri um sentido. Só pode ser. Mesmo sentindo um motivo primal, caminhei e vaguei. De tanto, achei cidade e promessa. Parava incerto, os olhos decerto no céu. Doía o peito antes de ser coração. Já sei. Não posso voar. Afastei a incompreensão. Escrevia assim, forjando papéis. Enquanto engenheiro, calculava poemas. Durante andaime, nascia poeta. Pra ser arquiteto, chamei as estrelas. Não posso voar. Se voo sou louco, se pouso sou tonto. Pensei ser claro seguindo o sol. A química das nuvens cerrava meu corpo. Procurei pelos bares. Esperei das pessoas. Esqueci de existir. Abri tantos livros... jamais saíram inteiros. Talvez a urgência. Não vejo objeto. Tanto sobrado em vão. Não sou um Rimbaud. Tão calado fiquei. Quase perco a quimera. Ficar solto em frases quando Pessoa presente de tudo falou. Sei lá, foi a inércia, a rotina suada, ou quebrava em tempo, ou explodia pra sempre. Não me calo em coro – só declaro uns dias melhores. No limite observo. Achei um sentido. Não posso voar. A maturidade segura-me em termos. Se nunca fiquei, não viajem por mim. Não apontem os dedos. Não aceito ingerência. Sei bem cobrar do que sou capaz. Não cresci dessa moral. Só atira uma pedra quem da pedra saiu. No limite sou quieto, não abusem do "certo".
                                         
                                       E.W.R.

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