quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

AONDE FOSTE, BLACKBIRD?

Perdi-te em vida, poesia
O tempo foi atroz
O tempo ceifou o texto
A varanda e o varal.

Aonde foste, blackbird?
Pousar amores contingentes?
Beijar a estética da sombra?

Perdi-te não faz muito
Precoce e amiúde
Na retórica bacana
Triste do fraque puído.

Usurpei tua estesia
Esbulhei tuas pétalas
Ficaste em carne viva
Não ousaste mais cantar.

Esqueci de ti, poesia
Já vestiste o umbral?
Prepara-te para a noite
A noite mais longa da tua
Delicada existência.

O tempo foi crucial
A um impertinente normando
Deixa a voz, blackbird!
Não abandona o escriba assim,
Impunemente...!


E.W.R.    

Nenhum comentário:

Postar um comentário