AONDE FOSTE, BLACKBIRD?
Perdi-te em vida, poesia
O tempo foi atroz
O tempo ceifou o texto
A varanda e o varal.
Aonde foste, blackbird?
Pousar amores contingentes?
Beijar a estética da sombra?
Perdi-te não faz muito
Precoce e amiúde
Na retórica bacana
Triste do fraque puído.
Usurpei tua estesia
Esbulhei tuas pétalas
Ficaste em carne viva
Não ousaste mais cantar.
Esqueci de ti, poesia
Já vestiste o umbral?
Prepara-te para a noite
A noite mais longa da tua
Delicada existência.
O tempo foi crucial
A um impertinente normando
Deixa a voz, blackbird!
Não abandona o escriba assim,
Impunemente...!
E.W.R.
Nenhum comentário:
Postar um comentário