quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

CRIATURAS

Carrego o preço da vida. Esforço em vão. Desanimei, não posso mais sorrir. Desanimei pela angústia do cerco que me traduz. Pretensioso porvir, por que te afastas de mim? Por que não podes sonhar em nome da nossa geração? Por que te acenam, mundo cruel? Oráculo cinza, obscuro e fatídico. Eis o que restou da nossa geração. Única e nunca mais. Incerta época atrás, o falso profeta, Masoch, preconizou: "Não precisai despertar, pois já vos ofereço o chapéu e todas as dores do mundo!". A dor, primitiva e abduzida. E como receita mística de patrocínio. A minha culpa é ter apreço, como quem cria da criatura; o meu pecado foi não ter estendido uma mão abestalhada, em plena luz do dia...

       E.W.R.

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