quinta-feira, 29 de novembro de 2018

A VIDA DECORRENTE DOS SARAUS

Depois de tanto tempo de estudo, entendi que precisava ter um pouco mais de conhecimento do que supostamente já sabia. Por isto estou aqui. Tentando aprender a dinâmica, a vida que existe nos saraus da cidade de São Paulo - um verdadeiro fenômeno mundial, esse tipo de  manifesto literário-musical, nesta urbe. Gosto deveras do movimento, da participação coletiva. Não se trata somente de quantidade - e há récitas em todos os  30 dias do mês. Mais de um até. Falo da importância cultural, da arte popular que resiste e ousa existir, apesar desses tempos bárbaros. E aqui mesmo surgiu a ideia de lançar um sarau em Porto Alegre, com base nestas experiências que estou imerso. Essa coisa de mesclar literatura e música é ancestral, a própria poesia se espalhou desta forma, através dos menestréis, na Europa antiga. Recordo com muita saudade do famoso sarau da Dona Maria, que ficava no centro histórico da capital gaúcha. E quem me levava lá era o grande agitador cultural e poeta, Nelson Fachinelli, diretamente responsável por lançar mais de mil poetas brasileiros, pelas centenas de coletâneas que organizava. Eu mesmo participei de uma três ou quatro. Lembro bem deste grande amigo pessoal, que quando falei da possibilidade de publicar o meu primeiro livro individual, ele, com a sua grandeza peculiar, insistia em me arrastar pelos saraus de Porto Alegre, os mais "cults", inclusive. Recém-chegado do interior, eu ficava ao seu lado, ainda que de forma tímida. Então, longa vida a esta forma de expressão popular e cultural!

São Paulo, dezembro de 2018

                          Elmo Wyse Rodrigues

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