QUARTO 518 E UM SOL DE BANHEIRA PARA AQUECER A LUCIDEZ
Perto de perder o sonho, ganhei olhar pela janela. Quarto 518, mais um número desconhecido. Pássaros e ônibus já disputavam os primeiros ecos difusos do alvorecer. Caminhei até o arroz integral, com sal do Himalaia. Espero ter protegido a receita budista no refrigerador. Quatro horas. Oh, inferno estas batidas do soturno relógio; berram na parede. Estranho por estranho, coloco um Frank Zappa na vitrola, baixinho. Repousa pouco a bela vizinha, faz residência médica. Resolvi ficar na cozinha. Por aqui envio-lhes esta inútil carta insone. Na mesa de refeições, o segundo livro semanal dos republicanos espanhóis. Franco, cai fora. Estou a poucos metros da pequena varanda. Ademais, cercado de automóveis, vidraças & aviões. Estou só. A poucos centímetros desta angústia perene. Ela me queima em turbilhão. Mas disseram que amanhã não verei nuvens, e sim um sol de banheira aquecendo a lucidez. Sussurram luzes na sacada alheia. É permitido voar, em calmaria. Me tranco em suspiros, supondo dormir.
Outubro de 2018
E.W.R.
Nenhum comentário:
Postar um comentário