EMBARCANDO NESSE TREM PARA MADUREIRA
POIS estava chegando em casa. Ao abrir a caixa de correspondência, me chamou a atenção um envelope pardo. De um lado, sem anotações; de outro o meu nome. Não havia remetente. A curiosidade aumentou. Era o novo livro do Magoli anunciando a sua chegada, SINCEROS ENGANOS. Daí entendi:
"às vezes
sinto-me só
como um homem
só
diante de um jornal de ontem
de uma fotografia envelhecida
de uma carta sem remetente."
Magoli
MARCOS tem um jeito contundente de escrever. Assume a melancolia e a utiliza como combustão verbal. Ama e não perde a paixão pelas esquinas, onde a vida pulsa e ecoa, com ou sem lirismo. Avesso aos falsos valores do nosso sistema:
"nunca aprendi
dar o nó
na gravata
nem desfazer
este nó
na garganta."
Magoli
As palavras encontradas, ou retidas, nos poemas são espelhos do imaginário. E vislumbram um futuro possível e sustentável. O Rio de Janeiro, e também outros estados, tem nos apresentado um verdadeiro COLETIVO de vates. A lira tem espaço, sim senhor. Tem um público atento, um grande número de sinceros leitores. MAGOLI está bem perto de nós. E com seu olhar também nos farsantes que ocuparam o poder:
"não sei se boêmio ou guerrilheiro
entre bares becos barricadas desejos
beijos cervejas palavras bandeiras fuzis"
Magoli
E com orgulho digo que MAGOLI inscreveu definitivamente o seu nome nas páginas da Literatura Brasileira com este livro vital para entendermos um pouco melhor o nosso mundo, tão desigual e carente de pão e utopia. Ave poesia, ave irmão Marcos Magoli.
Porto Alegre, janeiro de 2018
Elmo Wyse Rodrigues
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