DIÁRIO DO MEIO DA LUA
Ela me deu um beijo na boca. Foi para
o quarto de dormir. Inscrevo-me na página deste escritor insolúvel.Diariamente “soturno”, pouco falei qualquer coisa além. O que havia e nós.
Desperto em dois, acolhendo a vida, o ritmo, a prática da sonoridade, que encontrei, perdida, na cumplicidade. Quem me ama sabe. Ela sabe. Ah, as relações sociais...um bicho estranho. Agradeço lutando contra a introspecção, a angústia do ser. Racionalizo, em
parte, o desconforto da maturidade. Desconsidero esse sistema, a desordem em
marcha, a crueldade da fome. Acredito em mudanças reais. Na folha em branco,
cravo signos e um coração. Denego a tristeza,
a conformidade. Atravessando estradas, soldado do campo. Forte nas horas
frágeis; pequeno pela ciranda. Nas mãos, o corpo vivente. Grito sufocando o meu
ar. A janela madruga essa gente aflita, sem rumo. Resumo em pontos, pensando em
vez. Como sempre, algo escrevi em primeira pessoa. Talvez refaça amanhã. Ela
acorda, declama e me toca, no meio da lua. Ao sair do script, , carnal, bem vivo, poente, deito o sono, não
a cabeça. Temo profundo dormir e não mais lembrar o viajante noturno que habita a espera de sonhos possíveis.
E.W.R.
Nenhum comentário:
Postar um comentário