quinta-feira, 6 de abril de 2017

 CARRANCAS

Agora improvável abraçar. A carranca me aguarda. Hoje não vou temer. É tudo duplo e jogo, noves fora desdém. Dois extremos na roda. Prometo reinventar a ciranda. De pipoca e carteirinha. Esmagado entre quatro paredes, quisera ser livre. Encurralado entre a plateia e a escada, quisera ser vivo. Imagina. Andei trocando alguns papéis no mercado. Em troca da sobrevivência. Prestações do meu coração. Na forma e na forca. Servido em fatias, aluguei mais um sonho. Na carcaça do texto não tenho alívio. Almanaque batido e fútil. Nem sei o que ao longe dizem ser uma constelação; sei de mim, de ti e das próximas pessoas no cerco. Um risco no céu. Deixa-me calado na sombra da urbe. O que resta é um cão forjado no ringue. Mais um braço estendido no circo de marionetes. Desconheço a cara. Desconheço a cara que nunca foi minha.

E.W.R.

Nenhum comentário:

Postar um comentário